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Rainha das Lágrimas: Sem tempo para esperar [Resenha 5&6]

*Esse artigo contém spoilers do episódio 5 e 6.

O ditado popular afirma que “a esperança é a última que morre”. Se costuma usar a frase como uma forma de incentivar alguém a acreditar, que a última possibilidade pode ser a que leve ao sucesso. Portanto, não se deve desistir.

Mas a verdade oculta desse ditado é que a esperança morre. Ela pode falecer a cada “não”. Ela pode desaparecer a cada porta fechada. E desmoronar sem forças diante de diagnósticos aterradores.

O episódio 5 de Rainha das Lágrimas narrou com uma sensibilidade única. O que acontece quando se aceita que não há mais jeito. A tentativa esperançosa de Hong Hae-In de acreditar em sua possibilidade de cura, confronta o mais definitivo de todos os “nãos”.

Como ela mesma afirma, o doutor diz para ela esperar como se tivesse tempo para isso. Seu corpo está perdendo uma batalha e os médicos querem que ela fique de braços cruzados, aceitando o fim eminente. Mas isso não faz o feitio dela.

Nesse episódio somos apresentados ao momento que separou marido de esposa. A perda do bebê abalou ambos, mas eles não souberam superar juntos a dor.

Ela não se permitiu sofrer, sentindo-se indigna de derramar lágrimas pelo bebê. Enquanto ele, tomado por seu luto indignou-se com a atitude da esposa de desfazer-se do quarto da criança. Ninguém conversou, nem se consolou.

Hyun-woo fez a escolha de deixa-la sozinha, talvez por enxergar somente a falta de sensibilidade nas atitudes da esposa. Nem por um momento, ele cogitou que ela estivesse emocionalmente abalada. Como poderia discernir isso, se ele estava instável também?

No entanto, a gente viu como observadores desse drama, ela agachada segurando o choro, enquanto acompanhava o despejo do berço do neném. Vimos Hong Hae-in desistindo de rasgar o ultrassom. Ou seja, ela travou uma batalha silenciosa consigo para manter-se firme, apesar dessa dor.

Vimos tudo que Hyun-woo não viu, até o momento em que ele assistiu o vídeo. Quatro anos juntos é claro que ele notaria o semblante feliz da esposa falando sobre o sonho de viajar com o marido. De ter ele ao seu lado a todo momento.

Teria Hyun-woo a insensibilidade de abandoná-la no momento que mais precisava dele? Até quando ele ia fingir não se importar? A quem estava punindo com sua distância, senão ele mesmo?

Tem coisa que a gente só enxerga se prestarmos muita atenção. A observação é um talento necessário na vida humana. É também, uma habilidade necessária para todos que escrevem. Inclusive, é uma das minhas atividades favoritas. Sentar e observar.

Quando Hong Hae-in sentou no aeroporto e observou as pessoas a sua volta deu para imaginar o que passou na cabeça dela. Voltar para onde? Para quem? Pelo que? O único lugar possível era aquele onde ela mais foi feliz. Mas qual o sentido de estar ali, também? Se ele não estava?

A conclusão foi obvia, não é o lugar, mas a pessoa com quem ela esteve. Hyun-woo era o seu lar. O lugar de descanso que ela precisava. O apoio que a ajudava a acreditar que algo miraculoso aconteceria, mas ele não estava ali.

Quando não existe mais tempo, a gente corre para concluir o que dá e deixa para outro momento aquilo que ficou por fazer. Aprendemos desse jeito, mas com a vida não se pode agir assim. As vezes o depois não existe.

Hyun-woo entendeu que fugiu de um beijo, que talvez fosse o último. E que não ficou com ela, mesmo querendo ficar. Deixou que outro fizesse aquilo que ele queria fazer. Não fazia mais sentido permanecer ressentido, amargurado e insensível à dor da esposa.

Embora ao longo do episódio ele tenha sido muito covarde, Baek Hyun-woo se redimiu nos instantes finais. O homem que fugiu de um beijo, de uma noite ao lado dela, que deixou outro cara amparar sua esposa. O mesmo que não tinha ideia de que ela tinha viajado sozinha.

Esse mesmo pegou o primeiro voo e foi ao encontro da amada, com uma precisão maior que a de um GPS. Não dizem que quando se casa, se torna uma só carne? Acho que é bem real. Ele sabia onde ela poderia estar, assim como ela sabia onde poderia encontra-lo na noite que ele fugiu.

Nessa cena fica claro que Hyun-woo e Hong Hae-in descobriram que ainda se amam, mas que desperdiçaram muito tempo achando o contrário. E agora que lhes restam poucos meses de convívio, eles conversaram abertamente.

O esposo falou o quanto doeu a promessa quebrada pela esposa e ela confessou que nunca quis que o marido a deixasse só. Hyun-woo pede perdão e Hae-in o convida para voltarem juntos para casa. Selando esse recomeço com um beijo apaixonado e carregado de saudade.

Aliás que beijo lindo!

Já no episódio 6 descobrimos que a trama dos vilões é mais elaborada do que se imaginava a princípio. E enquanto o nosso querido casal desfrutava de dias de paz e amor, eles executavam o 1° passo do plano de demolição da família Hong.

Começando pelo cara que o Yoon Eun-seong tinha que eliminar da pista: Baek Hyun-woo. E quem muito procura acaba achando, ele descobriu o documento de divórcio e criou toda a narrativa em que o nosso querido advogado é visto como vilão.

A parte mais importante desse episódio foi a revelação do plano de vingança do Yoon Eun-seong e sua turma. Fiquei surpresa com a paciência que ele teve de esperar o momento certo para entrar na vida de todos os Hong.

Simplesmente sensacional. Coisa de vilão de grande categoria.

Agora, ao mesmo tempo que eu amei o fato do documento de divórcio ter sido exposto logo. Eu fiquei muito triste também. Não é nem raiva, mas tristeza porque o documento foi feito por um Baek Hyun-woo que não existe mais.

Ele correu para os braços da esposa com toda a sorte do mundo que ela precisava para ser curada e esbarrou no erro que ele achou que poderia deixar para lá. A gente sabia que a Hong Hae-In ia se decepcionar quando soubesse do divórcio, mas a situação escalou de um jeito terrível.

O episódio 6 nos mostra uma mulher que tinha absoluta certeza do caráter do esposo. Não à toa ela sempre o defendia para os outros. Para Hae-in o marido jamais iria se importar com o dinheiro dela, porque ela sempre teve certeza de seu amor desinteressado.

Baek Hyun-woo mereceu a fúria da esposa naquele momento derradeiro do episódio. Ele realmente, mesmo que por poucos dias, cogitou um divórcio vantajoso financeiramente para ele. Enganou-a com suas demonstrações de afeto que tinham como intuito ludibria-la a mudar o testamento.

Mas ao mesmo tempo que ele merecerá toda a fúria dela, assim como a completa rejeição já indicada pelo trailer do próximo episódio. Ele também não merece.

A altura que tudo foi revelado ele já não pensava em divórcio, nem em testamento. Ele só pensava nela e na cura que ela precisava. Nesse ponto, ele queria amá-la e confortá-la no dia que antecedia o resultado dos testes. Ele nunca, na verdade, foi um pilantra sem coração.

Ele estava magoado e acreditou que a odiava. Dá para sentir o sentimento de culpa dele quando Hong Hae-in narrou os episódios em que ele foi gentil com ela. Como sendo as provas definitivas de que ele a amava. E Hyun-woo e nós sabemos que foi tudo uma farsa.

Quem sabe ele foi na igreja pedir perdão por ter cogitado, não o divórcio, mas o fato de ter enganado a esposa que nunca duvidou do caráter dele. Quando ela expõe o que pensa do marido toda admirada e orgulhosa, Hyun-woo se arrepende no pó e na cinza.

Por isso, correu atrás de descobrir um modo de ajudar a esposa. Só a gente sabe o que ele fez e como ele se redimiu nessas frações de horas. Só a gente viu a luta que ele travou entre o rancor e o amor.

Então, quando a Hae-In viu o pedido de divórcio e perguntou de forma genérica e ele respondeu “sim”. O meu coração se partiu, porque pedir o divórcio até dá para entender um pouco, devido a condição do casamento de ambos até uns dias antes.

É triste, é chato, mas dá para entender, o problema é como foram feitas as coisas. Pelas costas, com segundas intenções.  A confiança que a Hae-in tinha no marido desmoronou. Ele deixou de ser naquele instante o marido perfeito e entrou para lista dos machos que não valem absolutamente nada. E sabe o que mais dói? Ele era o primeiro amor dela.

Eu sempre me perguntei como pode ela ter tão facilmente amolecido com os gestos do marido? Parece que ela sempre esperou que isso acontecesse.

O caso é que ela nunca quis ficar longe dele, o Hyun-woo partiu. Abandonou o quarto, a esposa e se agarrou à mágoa. Ele foi bem covarde, essa é a verdade. Ele deixou ela sozinha quando as coisas não eram mais como ele imaginava. Como fez, quando descobriu na fase do namoro que ela era rica.

A gente sabe que o Hyun-woo sofreu muito dentro do casamento, uma das reclamações dele ao psicólogo era que a Hae-in nunca fez nada para defende-lo dos desmandos da família.

Ele queria ser defendido. Mas nesses dois episódios vimos que Baek Hyun-woo tem preferência por mulheres que ele possa proteger. E Hong Hae-in atraiu a atenção dele por ser descuidada e sempre viver levando bronca. Ele se ofereceu para cuidar dela e logo se apaixonou.

A gente sabe que ela não era mesmo alguém que precisava de proteção. Mas ela encontrou um rapaz que estava disposto a cuidar dela. Ele enxergou uma fragilidade em Hae-in, que ninguém havia visto. E foi muito bom, pela primeira vez na vida da Hae-in, ter alguém que se importasse desse jeito com ela.

 A questão é que após a perda do bebê, Hae-in ativou o modo de segurança e para se proteger ergueu ao seu redor uma muralha. E o marido também enlutado e incapaz de discernir os próprios sentimentos. Sentindo-se também devastado deve ter chorado igual criança.

E aquela que passou por todo o processo traumatizante de remoção da vida inexistente dentro de si, precisou ser forte por ele. No terceiro episódio enquanto analisava os motivos que a levaram a considerar o esposo atraente. Hae-in fala sobre o quanto a alma dele é pura e inocente para um mundo tão cruel.

Então, se formos analisar friamente ela precisou pôr os pés no chão e tirar toda a lembrança dolorosa que estava ferindo o marido e ela. Alguém precisava fazer alguma coisa, e ela fez do jeito que ela sabia.

Enfim, eles não souberam lidar com os problemas juntos. Foi cada um para um lado e deu no que deu. Três anos em que foram incapazes de conversar e resolver as diferenças. Três anos foi o suficiente para que um já não lembrasse como era o corpo do outro. Três anos se ferindo com palavras e se ignorando.

Quando o episódio acabou, meu coração ficou despedaçado. No fim das contas todo mundo é culpado e inocente ao mesmo tempo. Ela poderia ter feito mais e ele também. Alguém deveria ter dado o passo, mas nenhum dos dois quis. Ficaram eternamente na beira de solucionar seus problemas.

O pior de tudo é que eles passaram três anos disfarçando as aparências e as evidências de que se amavam. Mas será tarde demais para tentar outra vez? Os sintomas da Hae-in estão aumentando. Infelizmente nada parece melhorar em relação a sua doença e ela, agora já fala da morte como uma coisa certa.

O episódio 6 me doeu de muitas formas, mas ouvir ela falar sobre como deseja que seja seu memorial. Ou, que ela gostaria de voltar depois de muitos anos para busca-lo para a vida após a morte.

Isso lá é papo que se tenha, pelo amor de Deus!

Eu estou terrivelmente assombrada com a possibilidade de que a gente veja esse homem realmente cumprindo os pedidos da esposa falecida. Não estou tão certa desse final feliz, mas eu já estou me apegando a todas as esperanças do mundo de que vai valer a pena essa jornada.

Muito embora, meu coração trema com a possibilidade de um fim não satisfatório acompanhar esse drama está sendo a melhor experiencia possível.

O que você está achando de Rainha das Lágrimas me conta nos comentários.


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