Publicado em Estante de Doramas

Rainha das Lágrimas: A chama ainda está acesa [Resenha 3&4]

*Esse artigo contém spoilers do episódio 3 e 4.

O amor não se enxerga com palavras, mas com ações. No entanto, dependendo das ações, o amor pode parecer inexistente. Por algum motivo, as ações mudaram entre nosso querido casal que começou sua jornada amorosa se dando muito bem.

Agora parecem dois estranhos que não conseguem repousar tranquilamente na mesma cama. Ele sente medo de estar perto dela e receber algum “ralho”. Enquanto ela se sente desconfortável em ver seu marido semi-nu.

Inclusive que cena maravilhosa é a da Hae-in vendo o marido só de toalha saindo do banho. Ela já estava surpresa por ter sido salva daquela forma, depois ter sido carregada no colo por sabe-se quantos metros até em casa.

Sem querer eles tiveram muito contato físico. Quantos sentimentos não ressuscitaram naqueles minutos de caminhada? Dentro dela, talvez, muitos pensamentos surgiram. Posso apostar que foram lembranças dos tempos românticos e bons que viveram juntos.

Porém, a cereja do bolo de emoções da Hae-in foi a tia tecer comentários ousados sobre a fisionomia do esposo da sobrinha. Ela serviu como um despertador. A rainha lembrou de muitas coisas, inclusive de algumas que, talvez, fossem até quentes demais.

Ela tentou inutilmente pôr os pensamentos no lugar, mas a tentação saiu pela porta do banheiro. Ele estava úmido, tímido e nervoso. Do jeitinho que ela quatro anos atrás achou ser a coisa mais linda do mundo.

O Hyun-Woo não pareceu sedutor naquele momento. Ele estava desconcertado de ter que sair do banheiro só de toalha. Pediu desculpas como se a mulher sentada na poltrona fosse uma pessoa que ele conheceu ontem. E não alguém que ele chama de esposa.

Hyun-woo não teve intenção nenhuma de desajustar os hormônios da esposa, mesmo assim ele conseguiu. O defeito e virtude dele são os mesmos: Ele é muito fofo.

Eu consigo imaginar a quantidade de homens que já tentaram conquistar a nobre rainha do grupo Queens. Quantos a enxergaram como o trampolim para uma riqueza a perder de vistas. Quantas delicadezas fingidas, cantadas do século passado e investidas ousadas ela não teve que refutar em sua vida.

Baek Hyun-Woo apareceu com um guarda-chuvas, algumas vacas, um apartamento e um emprego fixo. E foi capaz de fazê-la cogitar a ideia de ficar com ele, apesar de tudo que poderia separá-los.

O caso é que o Golden Retriever que ela conheceu, de repente, se tornou um Pastor Alemão. O cara não é o DiCaprio, nem o Timotheé Chalamet, mas quem deixou ela acesa igual a fogueira de São João, foi ele. O Baek Hyun-Woo tem o borogodó.

Quando os dois estão na cama de costas um para o outro, ela sugere que ambos durmam aconchegados como fizeram na primeira visita que fez a casa dele. Eu não sei vocês, mas eu acho que o convite dela foi verdadeiro. Ela queria naquela noite dormir nos braços dele.

Mas a Hae-In sempre segura a maçaneta para abrir a porta, e o Baek Hyun- fica parado na porta cogitando se deve ou não entrar. Ela espera que ele faça alguma coisa e ele sempre parece ter medo do que ela vai fazer, se ele tomar a iniciativa.

Eu consigo entender o medo dele, ele deve ter lutado bravamente para manter o amor de pé, enquanto ela o afastava a cada investida. É mais o perfil dela se esconder na concha e se valer da estrutura rígida e instransponível de sua frieza, para evitar embates que não desejava viver.

É mais fácil fugir do que lutar. Sempre foi. Talvez ele tenha se frustrado tanto, que achou melhor nunca mais tentar. No entanto, as circunstâncias mudaram Hae-in está fatalmente enferma. O tempo não é mais um aliado e sim um vilão.

Com o sentimento de que a morte está próxima, ela começa a sofrer uma transformação brusca em sua personalidade. O homem que antes ela acha desinteressante agora é o mais sexy e lindo do mundo.

A empatia brotou em sua alma como uma erva teimosa que nasceu um dia depois de ter sido aparada pelo jardineiro. Ela ajudou pessoas desconhecidas, defendeu bravamente uma funcionária e fez boca de urna para o sogro. Hong Hae-In não é mais a mesma.

O episódio 3 culmina num beijo apaixonado de uma mulher que passou horas desejando o marido. Foi preciso alguns goles de birita para a rainha ter coragem de fazer uma loucura. Eu acho tão legal como todas as atitudes dele, que não são nenhum pouco românticas do ponto de vista dele, acabam sendo, do ponto de vista dela.

Baek Hyun-woo queria evitar que ela soubesse sobre o plano do divórcio e ela achou que era o momento perfeito para abrir a porta. O beijo que ele deu nela no episódio 2 foi para despistar. Não teve nenhuma intenção romântica.

Mas esse beijo que a Hae-in deu em seu marido foi carregado de sentimento. Ela queria beijá-lo. Estava desinibida, acesa e disposta até a uma “conversa” nas tantas da madrugada.

Para Baek Hyun-woo que estava tão preocupado com a mensagem enviada ao celular dela, o beijo foi mais uma esquisitice da esposa. Ele nem entendeu que ela o queria naquela noite. Ou talvez, tenha entendido e ficou com medo.

Eu estou profundamente curiosa para conhecer mais da vida deles. E principalmente saber em que momento eles se tornaram estranhos. Não é possível que tenha sido algo banal. Foi uma coisa muito triste e ruim. Talvez alguma coisa relacionada com a data 31/10.

O flashback mais doloroso desses 4 episódios foi uma cena de poucos segundos, que acendeu uma luz a esta minha curiosidade. Eles estavam tão apaixonados e felizes que engravidaram, mas não existe criança alguma com eles. É certo que eles a perderam.

E talvez, essa perda tenha desencadeado toda essa sensação de falência matrimonial entre eles. Eu não sei se realmente me sinto confortável em chegar nessas memórias. Ao mesmo tempo que quero saber, eu me pergunto se eu vou conseguir assistir sem desabar em prantos.

A cena final do episódio 4 foi um prelúdio do que nos espera. Eu não tenho dúvidas que, tendo ou não tendo um final feliz, esse drama vai mexer com o profundo do meu coração. Me apeguei aos personagens, e principalmente, a Hae-in.

Ela começa a história sendo uma fria e bem-sucedida mulher de negócios, que não está nem aí para o marido. E quatro episódios depois, sob o peso de uma imensa dor e desespero ela admite, pela primeira vez na vida, que está sem forças.

“A verdade é que não me lembro. (…) Eu estava tão assustada”.

Baek Hyun-Woo deve mudar a partir de agora, não é possível que não mude. Que ele não veja que, apesar de tudo, ele ainda é apaixonado por ela. O abraço oferecido a ela naquele momento. A forma como a segurou, como quem diz “Eu não vou deixar você cair”.

Só me dizem uma coisa: Eles ainda se amam. Talvez, agora, mais do que antes. É claro como água. Ele gritou por ela o vilarejo inteiro. Ele brigou com ela por ter saído sem celular. Ele ficou desesperado achando que algo ruim tinha acontecido.

E quando ela confessa que foi sem intenção e que a doença a afetou novamente. Ele desmorona junto com ela.

Dizem que casais que se amam, com o passar do tempo, sentem o que o outro sente. Por isso, alguns morrem com horas de diferença um do outro. Já ouviram falar de casos assim? Quem ama se importa, pessoal. É um fato.

Baek Hyun-Woo está profundamente magoado com a esposa, mas não quer dizer que não a ame. Acho que nesse fim de episódio ele caiu na real: Ela está doente e se acontecer alguma coisa com ela, eu morro junto.

Ele se casaram por amor e se em algum momento eles esqueceram, a doença inesperada está fazendo questão de lembra-los disso. Eu só posso dizer uma coisa no fim dessa resenha.

Eu não tenho estoque de lencinhos suficiente para acompanhar esse drama. E não sei como eles podem ter um final feliz e isso é ao mesmo tempo instigante e assustador. Vamos ver o que nos espera nos próximos episódios.

Estão gostando de Rainha das Lágrimas? Me contem nos comentários.

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