Publicado em Bridgerton, Estante de Séries

Bridgerton | Anthony e Simon são a razão do surto das mulheres

Olá,

No texto anterior eu falei sobre as protagonistas femininas de Bridgeton, hoje eu vou falar sobre os protagonistas masculinos. Anthony e Simon são a razão de nossos suspiros apaixonados enquanto assistimos a série.

Um par de machos que põe no chinelo a maioria dos que a gente vê por aí. Mas eles não são apenas lindos por fora, são também uma b-e-lezura por dentro. Cada um à sua maneira, não é?

E nesse texto iremos explorar todas as nuances desses personagens, sem claro dar uma leve puxada de orelha nos galãs. Porque se eu não fizer isso, não seria Estante da Autora.

Vamos lá!

Os homens das histórias de amor

É uma verdade universalmente conhecida que todo macho em história de amor precisa ser uma imagem dos sonhos mais ternos de uma mulher. Só há um pequeno detalhe, esse estereótipo de “homem perfeito” varia de mulher para mulher.

Algumas preferem os “sem defeitos” ou os “não-canceláveis”, os modernos e desconstruídos. Algumas não toleram a menor falha e já encaixam tudo dentro do machismo, misoginia e enfiam no balaio o patriarcado também.

Outras enxergam as falhas masculinas com mais condescendência, sempre claro, sinalizar com críticas. Elas conseguem pesar na balança, e achar mais virtudes que falhas nos personagens masculinos. Na verdade, as falhas temperam o macho aos olhos delas.

Agora, tem outras que amam e passam pano para os piores homens possíveis. Elas são do tipo que se agarram a menor bonificação possível, transformam elas em um negócio enorme e fingem que a montanha de falhas são um pedacinho de nada.

Como escritora eu vejo que as imperfeições masculinas conseguem trazer mais para a realidade tais personagens. É preciso ter alguma falha, algo que a gente possa reclamar, porque a graça de ser mulher é falar mal dos “nossos” homens.

Pais, irmãos, primos, maridos, namorados, ficantes, vizinhos, famosos que a gente não conhece. Falar mal de homem é imperativo. Algo intrínseco de cada mulher.

É, minhas queridas, a chance de você achar um homem descontruído, sem algum tipo de coisa que o condene é o mesmo que achar uma agulha num palheiro. Quanto mais velhas ficamos mais certas estamos disso.

Um homem perfeito é item raro, muito disputado e quando obtido guardado à sete chaves. Protegido com reza, sal grosso, chá bem dado talvez até enfeitiçado. Não pode sequer ser mantido se não com alguma proteção divina, quase sobrenatural.

Ufa!

Como a canção do Roberto Carlos “O cara que pensa em você toda hora, que conta os segundos se você demora. Que está todo tempo querendo te ver. Porque já não sabe ficar sem você”. Homens mais sérios, que sabem que a vida não é um brinquedo. Geralmente são esses que mais amamos.

Eles sabem amar, amam sem medo de parecerem babacas. Eles querem ser felizes e a felicidade é a mulher que ele ama. A tão criticada letra da canção do Rei Roberto, fala uma verdade que algumas mulheres mais jovens, não aceitam com facilidade.

No fim das contas todas nós queremos o “cara que ama você do seu jeito. Que depois do amor você se deita em seu peito. Te acaricia os cabelos, te fala de amor. Te fala outras coisas, te causa calor. De manhã você acorda feliz. Num sorriso que diz, que esse cara sou eu”.

Não adianta dizer que não é assim. A estrofe da canção descreve uma cena que todas nós esperamos ver dentro de uma história romântica. O casal chamegando depois de uma noite de amor.

O fato é que criar um personagem masculino é uma tarefa tão difícil quanto criar um feminino. Como escritora eu quero que o homem criado por mim seja amado pela minha leitora. Que ele povoe os pensamentos dela durante o dia e visite seus sonhos à noite.

Ele precisa ser O CARA. Ele não pode ser menos do que encantador e perfeito, e ainda que tenha falhas, elas possam ser facilmente esquecidas na nuvem inebriante da imaginação de se viver ao lado dele.

É sobre os dois homens que conseguiram reunir o melhor de todas as características masculinas que amamos, que eu irei comentar hoje. Começando pelo homem que conquistou o imaginário de todas as telespectadoras de Bridgerton.

O Duque de Regé

Quando temos um personagem dentro de um livro o idealizamos conforme ele é descrito ao longo do enredo. Através das cenas em que sua personalidade é exposta para os leitores. Isso forma a imagem do personagem para nós. Tem aquele momento que a gente imagina “Ele é assim e é assado”.

Quando passamos para algo audiovisual, então, a imaginação não trabalha tanto quanto deveria. Temos uma pessoa encarnando aquele ser fictício. Aqui em Bridgerton temos a escalação do indiscutivelmente belo Regé Jean Page.

Que tem todas as características incríveis de Simon Hastings, o famosíssimo libertino solteirão da Londres do século 19. O homem que no livro colocou os olhos em Daphne e já imaginou como seria beijá-la no “Dark Walk”.

E que possuía um desejo insaciável por aquela jovem debutante confiante e de inteligência ímpar. Esse homem eu sempre imaginei sendo como o Regé. Nunca ao contrário.

Eu li o livro depois de ter visto a série, talvez isso explique. Simon para mim nunca teve olhos azuis. Ele sempre foi o Regé todinho, com seu andar charmoso, sua postura elegante, seu sorriso de menino e sua virilidade latente. Ele era o Regé.

E não tem nada mais maravilhoso que conseguir capturar a alma do personagem de tal forma. Que não exista outro para encarná-lo a não ser você mesmo. Regé é o Simon. Muitas pessoas já devem ter pontuado isso, mas a escalação de um ator preto para fazer o papel desse herói masculino, representa muita coisa.

Porque o “cara certo”, o “príncipe encantado”, o “marido perfeito” é, na maioria esmagadora das vezes, um homem branco. Eu consigo imaginar o quanto isso significou para todas as pessoas afrodescendentes.

Algo que me faz gostar ainda mais do fato de Bridgerton ser uma série com diversidade. Na vida real tudo foi muito cruel, mas na ficção você pode inventar um mundo onde a cor e a raça não define o valor de uma pessoa.

Eu não tenho palavras para descrever o quanto amo a escrita dessa série nesse sentido.

Eu já expliquei em textos anteriores o que tanto me atraiu para O Duque e Eu. O Simon da série da Netflix é muito mais sério do que o do livro. O Simon do livro é como a gente diz aqui no norte e nordeste, “presepeiro”. Ele é tão suave na nave quanto a Daphne.

Os dois gargalharam na hora do sim, minha gente. Diante do padre, de Deus e dos anjos que dizem amem. Isso não tem na série. Tudo é mais maduro e dramático.

O Simon da série lembra em alguns momentos o Mr. Darcy do filme Orgulho e Preconceito de 2005. A feição dura, impassível e melancólica, por exemplo. Na série, temos uma cena que mostra o Duque sendo vingativo com seu pai em leito de morte

Eu gostei de ver esse lado do Duque, porque ele pode ser um cara durão, cheio de ressentimentos e traumas. Mas quando ele está com a Daphne ele se permite sorrir, ser bobo e um cara romântico

Ele se permite viver por quanto tempo fosse possível aquela felicidade de cortejá-la, mesmo sabendo que no fim não ficaria com ela. O mais legal é que ele tem dezenas de resoluções masculinas, ele mesmo surgiu com a ideia do fake relacionamento.

Mas no fim das contas quem se esforçou para manter a farsa foi Daphne. Mandando que ele comprasse flores, comparecesse em bailes, picnics e ajudasse ela, de verdade, a achar um companheiro.

Eu gosto de apostar o momento em que as pessoas se apaixonam, porque isso ajuda na hora de criar histórias. O próprio Duque na série diz o momento exato para sua esposa numa brincadeira antes de se beijarem no escritório dele.

Simon um pugilista fanático, se apaixonou por Daphne quando viu com seus olhos aquela jovem pequena e magrinha, nocautear um homem o dobro de seu tamanho no chão.

Há uma mudança sutil e interessante no decorrer dos quatro primeiros episódios. Conforme eles vão avançando fica mais evidente que ele não consegue mais visualizar Daphne como uma coleguinha de mentiras.

No fim do episódio dois, quando Lady Danbury sopra no ouvido do Duque que Daphne e ele são um match perfeito. Ele disfarça e se esquiva da conversa. Mas é realmente isso que ele pensa. Daphne é a mulher de sua vida, mas a droga da promessa separa os dois.

Simon permite que Daphne dance com todos os “pretendentes”, mas deixando claro para os barbudos que ele tem a liderança no caminho até o coração dela. Ele sempre está seguro em suas botas que não tinha homem em Londres para sua namoradinha Daphne Bridgerton.

“Devo dividir sua atenção com todos os dândis fascinados, srta. Bridgerton?”

Episódio 3

No livro há algumas passagens em que fica evidente que ele é um cara muito ciumento. Ter esse traço destacado em alguns momentos dentro da série foi um detalhe inteligente. Ele é muito sério, se o ciúme não indicasse o amor, certamente ficaria difícil ver que ele estava de quatro por ela.

O Príncipe Frederick foi o meio pelo qual o Duque e Daphne caíram na própria armadilha que eles criaram. O ciúme é um problema, mas uma forma de cutucar pessoas como o Duque que juram de pezinho que não vão quebrar suas convicções “contra o amor”.

Eu morro de rir de homem que acredita que não vai se apaixonar, que nunca vai implorar pelo carinho da amada e que acha que vai fazer o que quer, só porque é o que ele quer. Por isso eu comecei a série Bridgerton achando o “juramento” do Duque a coisa mais idiota do mundo.

Por isso também, eu não tive nenhuma sombra de empatia com ele na cena em que Daphne se torna “a vilã” aos olhos das leitoras/telespectadoras. Nas resenhas do livro e da série, eu expliquei meu ponto de vista sobre tudo isso.

(Você pode lê-las se caso te interessar. Vou deixar os links de todos os textos no fim desse artigo.)

Se estivesse no lugar de Daphne, não faria o que ela fez, mas talvez fosse presa por tacar uma cadeira na cabeça do meu marido mentiroso. Vá enganar a senhora sua avó, Simon. Se fosse apenas o caso de não contar tudo nos mínimos detalhes, mas houve o fato de se aproveitar da ignorância da bichinha.

As motivações sem pé nem cabeça que dominavam a vida desse homem, em tese estudado, viajado e conhecedor do mundo, me deixou FURIOSA. O livro é mais eloquente em expressar os argumentos contra o juramento estupido do Duque.

Argumentos usados pela Daphne, vale ressaltar. Por isso sinalizei a inteligência dela no começo do texto. No livro são inúmeras tentativas de fazer ele enxergar que a promessa era um vingança falida. No fim das contas não era só sobre filhos, mas sobre viver ainda sobre a sombra de um homem que o fez muito mal.

Quando o incidente do jardim escalou para um duelo. Eu juro por tudo que é de mais sagrado, que se eu entro na cena que ele explica que não pode casar com ela porque “não pode dar filhos a ela”. Eu juro que dava uma voadora no Simon.

Ele não queria que ela se sacrificasse e perdesse “seus sonhos”. Mas ele estava disposto a ir para debaixo da terra, mesmo que isso significasse deixa-la para trás com um enorme problema para resolver. Tudo porque havia jurado ao pai que não daria continuidade a linhagem dos Hastings.

Como pode um homem tão lindo ser tão burro? A escolha de Daphne de não ter os filhos, mas ter um marido respeitável, um irmão vivo e um escândalo abafado não foi apenas algo engenhoso, racional e inteligente. Foi um ato de amor que Simon demorou oito episódios para valorar.

Homens.

Embora, eu tenha essa vontade de dar um soco na cara do Duque, eu compreendo seu drama. Ele estava tomado por um sentimento de vingança maior que a própria noção de felicidade.

“Não paro de pensar em você. Desde as manhãs que você conforta, as noites que tranquiliza, aos sonhos que você habita, não a tiro do pensamento. Eu sou seu, Daphne.”

Episódio 5

Ele disse que era dela. Falou aquilo que toda mulher quer ouvir. Mesmo as que nem sabem o poder que essa “rendição” significa. Como Daphne, que naquela lua de mel, não tinha a menor ideia do que era um homem daquele tamanho arreado por ela.

Mas, como eu disse, ela é inteligente e ela aprendeu em pouquíssimo tempo o poder que ela tinha em mãos. Ela compreendeu seu papel de esposa de um homem insaciável. Porque o Simon não tinha termo na vida dele. O homem já era apaixonado, e depois de casado, ele ficou ainda mais doente.

Onde que o amor não vence sentimentos obscuros? Ele ia ser vencido pelo cansaço, mais cedo ou mais tarde. Nunca ouvi falar do amor perder uma guerra. Onde já se viu que um cabra desse ia se aguentar por tantos e tantos anos, evitando que o bebezinho viesse?

É humanamente impossível, ainda mais para ele, que não tem o menor controle quando está perto da amada. Simon, podia ter tido a mesma ideia do Anthony do livro, vou casar, mas não vou amar minha mulher. Sem amor seria mais fácil.

O problema é que Simon amava loucamente a Daphne. Um exemplo é que Daphne finaliza a lua de mel antes do tempo, depois de descobrir o esqueminha do marido para evitar gravidez. O Duque fica desesperado porque achava que seria apenas uma briguinha.

Mas como ela estava determinada a não o perdoar facilmente. Ela o enfrenta e decreta o fim das “safadezas” por tempo indeterminado. Simon do livro faz um escândalo porque ela não vai dormir no quarto com ele, nem sob ameaça.

Eu ri tanto nessa parte, mas não tem isso na série, só um momento no jantar no 7° episódio, em que Simon diz que não vai deixa-la sair do quarto dele. Ele põe a taça na mesa com força dizendo “Porque você é a minha mulher”. Ela põe a taça dela na mesa com raiva também, mas segue determinada a fazer o macho sofrer sem ela.

Eu adoro que na série, tanto Daphne como Simon, são turrões. E ainda teve quem reclamasse da loira fazendo a maior confusão por conta dos filhos, que ele estava evitando ter, sem que ela soubesse. Eu adorei ver essa pendenga.

Deus me livre, se a Daphne abaixasse a cabeça para esse macho. Imagina quão sofrível seria assistir Bridgerton, se ela fosse subserviente a esse homem e aceitasse que ele fosse adiante numa vingança contra um cara morto.

Mas Daphne foi uma mulher criada para ser esposa de um homem importante. Ela foi criada cascuda para lidar com as mais diversas situações da vida, menos uma, que foi escondida dela a sete chaves, mas ela sozinha descobriu com duas semanas de casamento.

Ela não ia mesmo abaixar a cabeça para o marido. Simon teria que correr atrás dela para resolver seus b.o.s. E foi o que ele tentou fazer, sempre buscando um jeito de se reconciliar com a esposa.

Acho incrível como ele meio que se perde dentro desse conflito, que é mais dele do que de Daphne. Tem uma parte no livro que a duquesa chega a dizer que o pai dele sempre fica entre os dois na hora do amor.

A gente vê que o Simon quer a Daphne, deseja ela, a ama perdidamente, mas não se permite viver com ela como a esposa deseja e como ele quer por conta da vingança, que ele chama de “promessa. Ah, Simon.

Quando ela se declara no último episódio, ela não simplesmente diz que o ama, ela abre a mente dele para entender que ele pode ser mais do que aquela promessa que o aprisiona. Mais do que o pai disse que ele era.

Eu gostaria que o Simon da série fosse tão cadela quanto foi no livro. Acho que faltou isso, mas eu entendo que o mais importante no final. Foi mostrar que o casal superou aquele incidente e que aquilo não define a Daphne, nem seu caráter. Ela não é uma vilã e o Simon seria um ótimo pai.

Só que, temos que concordar uma coisa, Simon é um garanhão, um homem do tipo que faz qualquer mulher sonhar sem vergonhice de olhos abertos, mas Anthony é o homem mais apaixonado que nossos olhos já viram.

Se Simon nos faz lembrar o lado taciturno de Mr. Darcy, Anthony nos faz sonhar com a visão do que seria ser amada “ardentemente”, sem nunca sequer ter sido tocada, se não pelos olhos fumegantes de um amante que promete e cumpre o que diz.

Simon não prometeu nada, mas fez tudo. Anthony prometeu, elevou as expectativas e cumpriu cada uma de suas apaixonantes palavras. Vamos falar dele agora.

O Visconde de Jonathan

A primeira temporada de Bridgerton mostra um Anthony safado, que não consegue pensar em nada a não ser sexo. Ele mais parece um jovem na puberdade. Sentimentalmente falando ele não tem muita coisa a elogiar sobre ele. Sua história é bem tola.

Na primeira temporada ele não existe. Ele não é ele, de verdade. É um rascunho desinteressante de uma época da vida dele que não nos apetece. Agora, na segunda temporada, vemos o verdadeiro e único Anthony Bridgerton. Ou ao menos uma das partes dele.

Mas como a segunda temporada e o livro são histórias completamente diferentes. Torna a minha missão aqui um tanto mais complicada. Embora a essência de Anthony esteja ali, as situações que desencadeiam os sentimentos no coração desse homem, são opostas à do livro “O Visconde que me amava”.

Bridgerton. Jonathan Bailey as Anthony Bridgerton in episode 201 of Bridgerton. Cr. Liam Daniel/Netflix © 2022

Então, não tem como eu fazer o que fiz com Simon, por exemplo, narrando parte por parte e destacando momentos que coincidem com o livro “O Duque e Eu”. Não existe isso na segunda temporada de Bridgerton. Quase todos os momentos similares ao livro, são modificados em algum ponto, ou então, são adicionadas novas cenas.

Anthony é um homem que acredita ser racional e que toma decisões inteligentes. Ele não procura o amor numa mulher, mas um enfeite, um bibelô. Porque acredita que é isso o que esposa é. Uma provedora de filhos que precisa ser bonita e elegante.

O caso é que Anthony é um homem. Um senhor de sociedade. Um cavalheiro. Uma pessoa competitiva que não gosta de perder, ou ser desafiado de alguma forma. Eu amo essa característica nele no livro. Como ele parece sempre decidido a fazer aquilo que ele enfiou na cabeça de fazer.

Embora, os motivos que levaram Kate e Anthony a se casarem no livro, tenha sido um engano, que comprometeu a reputação dela. Eles adicionaram o casamento por amor e mantiveram a insistência de Anthony em cortejar Edwina, que no livro, não dava a mínima para ele.

Não houve um casamento forçado, mas um casamento por amor. Não houve um Edwina shippadora, mas uma cega inconveniente que não viu o que estava diante da fuça dela. Muitas modificações, não é?

Ao longo de oito episódios vimos que a busca de Anthony pelo afeto de Edwina, o fez mirar numa, mas acertar na outra. Na série, eles potencializam a picuinha de Anthony e Kate. Eles colocaram Edwina no centro de um cabo de guerra.

Kate puxa de um lado e Anthony do outro e assim eles seguem até que, a brincadeira se torna divertida e romântica. Tem o jogo de Pall Mall, o incidente da abelha e mais a conversa na biblioteca.

Na série, ele a vê pela primeira vez atravessando o campo em alta velocidade em cima de um cavalo, ele a segue e se admira da coragem e força dessa mulher. Tenho certeza que se Kate estivesse dentro do “mercado matrimonial”, ele iria certamente ficar balançado com ela.

Nem precisou, porque ele fez isso mesmo assim e sem querer querendo.  O caso é que Anthony não tinha interesse amoroso algum por Edwina e Kate sabia disso. Ao interferir, colocando-se como uma segurança para a irmã, ela se colocou no holofote.

Edwina aparentemente é a mulher que tem todas as qualidades que Anthony busca numa esposa ideal. Por isso, ele passa boa parte da série querendo se casar com ela, mesmo que em certo ponto, fique claro que ele estava lutando para não acreditar em seus sentimentos por Kate.

A maior burrada de Anthony, não precisa nem ser dita aqui, porque todo mundo sabe. Ele pediu em casamento a mulher errada, ele quase subiu ao altar com a mulher errada. O Anthony do livro não chegaria tão longe, porque tem uma coisa que o personagem do livro deixa claro: Ele teria que sentir atração ao chegar perto da futura esposa.

No livro, ele nunca passou tempo suficiente com Edwina para sentir alguma coisa. As maiores interações que ele teve foram com a Kate. Na série é da mesma maneira, é desconcertante a cena deles conversando na sala na casa de campo. Não há química, física, nem fogo no rabinho. Eles parecem dois irmãos.

Porém, Anthony já havia enfiado os pés pelas mãos, algo que é do feitio do “Anthony” da série. Já que ele é marcado por decisões de “momento”, como o duelo com Simon e o pedido para fugir junto com a cantora de opera. Ele pediu Edwina em casamento e se arrependeu logo depois.

Já era tarde demais, como eu disse. Se ele voltasse atrás, iria machucar a honra de Edwina, prejudicar suas chances de achar um match perfeito. Sem falar no escândalo de terminar o romance com uma irmã e casar com a outra. Ele ia destruir a reputação das Sharmas.

O enredo da série deixou Kate e Anthony numa verdadeira sinuca de bico. Sem necessidade alguma. Era só o Anthony ter dobrado o joelho e pedido Kate em casamento na frente de Edwina no episódio 4.

Para o caos se instaurar e acontecer toda a confusão que ocorreu somente lá no final da temporada – só que alguns episódios mais cedo. Isso resolveria vários problemas que, nós fãs vimos nessa temporada, um deles é a falta de cenas Kathony.

Se o amor de Kate e Anthony tivesse sido revelado antes, veríamos o ataque de pelanca da Edwina. A rejeição da sociedade e tudo o que eles inventaram no meio da temporada. Kate se negaria a ficar com o muso, como ela fez, mas ao menos teríamos mais episódio para conceder à Kate e Anthony um pouco mais de tempo de tela.

Se não era para seguir o enredo do livro, ao menos, não desperdiçava um belo casamento para a noiva errada. Isso é algo que não me desce na segunda temporada. Daphne teve um casamento lindo, mas não vimos nada disso para Kate. Porque eles deram tudo isso para Edwina, que passou de um personagem de apoio, para um personagem protagonista.

Eu nunca vou entender a decisão de se escrever esse roteiro da segunda temporada. Porque isso tira de nós até mesmo a possibilidade de fazer uma análise comparativa do Anthony da série e do livro. Porque como foram muitas coisas que mudaram, é como se houvesse três Anthony’s. O da primeira temporada, o da segunda e o do livro.

Por isso eu falei que a essência dele está ali, as fases de Anthony estão ali. A primeira é do libertino, que não quer saber nada da vida na primeira temporada.

Tem o cara que toma decisões equivocadas, que age com teimosia, que ignora o que sente e depois se lasca tentando resolver os problemas que arranjou para si, ou seja, Anthony da segunda temporada.

Mas eu acredito que o Anthony do livro a gente ainda nem viu, porque boa parte da história de Anthony e Kate acontece depois de casados no romance da Julia. A gente não viu nada deles dois casados. Só soubemos que eles se casaram, passaram seis meses de lua de mel e só.

Embora, eu ame muito o Anthony e a Kate da série. Há sentimentos que foram demonstrados dentro de situações em que eles ainda não estavam juntos. Quando no livro eles vivenciam bastante coisas já casados.

No livro quando ele descobre que a ama loucamente, ele foge e passa um tempão longe da esposa – duas semanas, se não me engano. Que, pelo que percebemos, eles transformaram na decisão de Anthony de casar com Edwina para tentar evitar seus sentimentos pela Kate.

Eles recriaram o romance do livro. Fizeram uma fanfic bem criativa e instigante, mas tinha tanta coisa legal no livro que poderia ter sido usada. Principalmente as tantas cenas do casal dentro do romance, que nem sequer apareceram na temporada.

Eles pegaram detalhes que faziam menção aos personagens, aos sentimentos deles e colocaram na série dentro de outro palco. Por exemplo, Anthony do romance amava a Kate de uma maneira quase devocional. Ele tinha que literalmente arrastar-se para fora de casa, para não ficar babando na esposa 24h por dia.

Há um trecho do livro que ele revela em seus pensamentos que fingia ter o que fazer fora da residência para que ela não se apegasse a ele, mas a gente sabe que era o inverso. Porque quanto mais ele se privava do amor da esposa, mais ele a queria.

A tarde ele passava longe, mas a noite não desgrudava dela. Era a postura de um viciado. Um dependente da química alucinante que tinha com aquela mulher.

Apesar de tantas coisas que me deixaram chateada com essa segunda temporada. Eu devo aqui tirar o chapéu para o talento de Jonathan e Simone. A continuação de Bridgerton se salva por conta deles. Porque eles deram vida ao casal mais querido da série de livros da Julia.

A química é impressionante.

Embora, não tenham muitas cenas juntos na temporada que deveria ser deles. Jonathan e Simone entregam muito de si, do que sentem, do drama desse amor proibido, criado dentro da série. Seus personagens tem interações, antes de notarem que se amam, que mais parecem coisa de casal.

“Acha que há algum canto do mundo longe o bastante para me libertar deste tormento? Eu sou um cavalheiro. Meu pai me criou para agir com honra, mas essa honra está por um fio. Fica mais arriscada a cada momento que passo em sua presença.”

Episódio 5

Eles assistindo a corrida de cavalos e se provocando. Anthony sentindo ciúmes de sr. Dorset porque ele tinha toda a atenção e sorrisos de Kate. Depois os bailes, as danças tão intimas e o fato de conseguirem ter conversas profundas, sobre seus papéis de liderar e proteger a família que possuem.

É interessante ver que o amor que surgiu entre eles quebrou todas as barreiras que eles montaram contra a possibilidade de serem felizes no amor. Os dois eram muito parecidos nessa parte e foram emboscados pelo cúpido naquilo que eles nunca pensaram que iriam ter.

Anthony passou seis episódios negando as aparências e evidencias, mas quando esse homem beijou Kate no altar da igreja. Depois que não havia mais Edwina no meio do caminho dos dois, como noiva dele, por assim dizer.

Anthony assumiu para si seus sentimentos e era totalmente incapaz de escondê-los. Não que antes ele fizesse isso, mas ele era mais cauteloso e sempre disfarçava. Só a gente via os olhares dele para Kate, só nós vimos as vezes que ele a provocou com suas promessas amorosas.

No últimos episódios, ele abriu a porteira e não estava nem aí para quem via ou não. Sua devoção pela mulher que ele mais desejava no mundo. Era maior que a possibilidade de um escândalo. Por isso eu digo que ele é mais apaixonado que o Simon.

“Diga que não gosta de mim. Diga que não sente nada e eu vou embora.”

Episódio 4

Ele amou a Kate no escondido e na luz. Ele não refreou seus sentimentos dentro das regras da sociedade. Vimos que o Simon e a Daphne sempre se tratavam com imensa polidez em público. Simon tanto do livro como da série, era marcado por essa seriedade respeitosa.

Não vimos na série e nem no livro, nada socialmente desconcertante, acontecendo entre Daphne e Simon. Exceto, talvez, no final do livro quando eles haviam se reconciliado e queriam fazer amor, mas os irmãos estavam ali enchendo a paciência.

De modo geral, eles não eram nem minimamente apaixonados como Kate e Anthony. Embora, eu tenha amado a declaração de amor da primeira Bridgerton, cuja história foi contada. Porque foi o contrário do que se espera. A Daphne, afinal, carregava a responsabilidade de ser protagonista.

Anthony faz o mesmo, revelando seus sentimentos para a sua futura esposa, numa cena clássica. Repleta de emoção e sinceridade. Anthony fala que a amou desde a primeira vez que a viu, e embora seja bem clichê dizer essas coisas, ele fez parecer tão único que se tornou especial.

A mão dele no peito, para indicar que era sincero, para segurar o coração que certamente palpitava. Talvez, até para se certificar que estava vivo de tamanho nervosismo e expectativa. Anthony não era um homem acostumado a se deixar levar, o caso é que se Kate ficava irritada com ele. Anthony ficava nervoso diante dela.

 Ele não sentia que era um visconde, um homem nobre com responsabilidades familiares e sociais. Ele era apenas Anthony e sabe, quando você encontra alguém, que te faz sentir bem com quem você é. Bom, você tem que agarrar essa pessoa com todas as forças.

Devemos essa percepção apurada de Anthony à sensibilidade artística de Jonathan. Que soube, como ninguém, apresentar todas as facetas desse personagem. Desde a frieza impassível de lidar com a sua responsabilidade de Visconde em achar uma esposa adequada.

Até o choro comovente de alívio ao saber que sua amada finalmente havia acordado e estava bem, após um terrível acidente. Do qual ele se sentia totalmente responsável. Jonathan nos fez sentir arrepios em cada declaração de amor sussurrada à sua colega de cena Simone.

“Você é a maldição de minha existência. E o objeto de meus desejos”

Episódio 5

Por um momento você ficava ali presa nos arrepios, na tensão e na emoção de acompanhar o Anthony e a Kate criado por eles, se perderem numa chama latente de paixão. Eles transmitiram algo surreal através de cada cena.

Anthony nunca demonstrou um afeto menos tão afetuoso, para não dizer outra palavra. E como eles são o casal mais apaixonado, então é claro que eu vou finalizar a análise falando sobre a primeira vez deles.

Tem uma coisa que eu amo sobre aquela cena pequena, porém, cheia de detalhes do episódio 7. Anthony e Kate discutindo sobre seus problemas, como eu acredito que eles sempre farão, mesmo depois de casados. Porque ela tem uma opinião forte, e um poder persuasivo assustador e ela é linda.

Kate nubla todos os pensamentos racionais do Anthony. É como se ele finalmente tivesse encontrado aquela que rege a banda dos seus desejos mais proibidos. Ele diz “eu vou parar” e ela fala “Não pare”. Ele ordena e ela diz “você não manda em mim”. No fim das contas, não há quem mande em ninguém. O amor de Kate e Anthony é um carcereiro que os mantém dentro de uma prisão.

O desejo e paixão controlam eles e ao mesmo tempo os libertam. É incrível assistir isso acontecendo nesse momento sublime em que a vontade, a tanto reprimida, é finalmente colocada para fora.

Mesmo que a primeira vez deles seja completamente oposta ao livro, mostrando uma Kate menos tão engraçadinha e falante. Ainda nos presenteia com um Anthony fazendo tudo para que ela sinta como que aquela fosse a melhor primeira vez que uma mulher pode ter.

Não precisa dizer que Kate amou. As cenas não nos enganam. Ele fez tudo e mais um pouco. E continuou fazendo por seis meses, que não vimos, por mais tantos e tantos anos em que estiveram juntos criando seus filhos. Que a gente reza para ver nas próximas temporadas.

Aqui finalizo a análise desses homens fascinantes, esperando até ano que vem para falar do Colin Bridgerton e como ele vai se sair. Eu já consigo imaginar que raivas passaremos, mas ainda teremos muitos momentos lindos e incríveis para comentar sobre ele e sua fofoqueira favorita.

Porque se tem uma coisa que todos esses homens de histórias de amor têm em comum, é a mágica incrível de se parecerem muito com aquilo que a gente tanto sonha. E talvez, mesmo por isso, eles sejam tão especiais. Afinal, ficção faz um bem danado para quem vive as duras penas da realidade.

Beijos,

Até mais!

Todos os textos sobre Bridgerton:

Bridgerton: A série – A Duquesa odiada por outro olhar
Bridgerton: O Duque e eu – A Duquesa odiada por outro olhar
O Visconde Que Me Amava e me irritava: Kathony melhor casal
Bridgerton – A segunda temporada é uma fanfic do livro
Bridgerton: Daphne ou Kate, qual a melhor protagonista feminina da série?