Publicado em Novelas Turcas:

O Halvet de Emanet

Olá,

Como prometi há 25 episódios atrás na última resenha de Emanet que foi aquela em comemoração aos trezentos episódios de sofrimento dessa dizi. Eu disse que voltaria a escrever sobre Emanet quando houvesse o halvet.

Porém, essa dizi conseguiu me deixar com mais raiva do que eu já tinha quando eu finalizei as resenhas lá atrás. Comentar sobre tudo que aconteceu até chegarmos no momento de consumação do casamento se faz necessário. E eu tive que revisitar os momentos mais emblemáticos para isso.

Portanto, convido você a ler esse texto especial que é uma mistura de resenha com comentário de uma espectadora que esperou pelo halvet, mesmo tendo desistido de assistir a série como um todo. O que a gente não faz por uma promessa às amigas da Estante, não é?

Então, vamos lá!

O contexto por trás

Se vocês me permitirem uma breve reflexão eu vou expressar aqui a minha completa indignação com tudo que aconteceu antes da cena “épica” de consumação do casamento. No mesmo episódio em que Seher e Yaman “finalmente são felizes”, a vilã que lhes tirou a paz foi com uma passagem só de ida para o inferno.

Um final bem moralista, para uma vilã inescrupulosa, psicopata e cruel. Tramou tanto para ficar com o novinho nas Maldivas. Acabo sem um órgão do corpo, esfaqueada e torta. Morreu de um ataque do coração e abandonada. Achei totalmente injusto.

Canan não era uma vilã inteligente, sabemos disso. Ela tinha planos mirabolantes que sempre deram certo, porque os escritores fazia vista grossa a todos os furos de seus planos. Não precisa nem enumerar aqui as diversas vezes em que a “burrice seletiva” dos personagens principais impediram que eles enxergassem os planos dela.

Quando Seher acordou para a alma bandida da sogra, ela foi chantageada de forma esdrúxula. Acabou cedendo aos planos da velha e interpretou um papel medíocre, não em fingir ser uma esposa traíra, mas SER uma protagonista bocó. Sem sangue nas veias.

Aqui entra o meu lado latina onde tramas de chantagens desse tipo não funcionam com um dos lados sendo tão submisso assim. Sempre tem um acordo por trás. Alguém ganha alguma coisa. Seher se submeter de completo, todos a ajudarem nisso, pelo senso heroico de salvar Yaman.

Permitindo o caos que foi esse macho achar que era corno, foi o auge da falta de sangue quente nas veias. Os barracos em Emanet são muito tensos, mas sem muita movimentação. Se fosse uma novela brasileira, Seher mostrava o áudio puxando o cabelo da sogra. Jogando ela no chão e provavelmente, não durasse nem uma semana essa pouca vergonha.

Só que isso é Dizi.

O meu lado brasileira que cresceu vendo vilão de novela cair numa ribanceira, ser queimado, acidentado e morto a tiros, ou se atirando de um prédio para um abraço mórbido para a morte. Canan não pagou nem metade do que fez contra Seher e Yaman.

Tudo bem, ficou torta, foi traída pelo moreno e morreu batendo a cabeça? Sério? A morte dela ter sido tão rápida, mas principalmente como forma de remediar a lambança dessa trama. Me deixou ainda mais indignada. Eu gosto de ver vilão sofrendo e essa bruxa não pagou nada.

Seu sofrimento foi condensado em três episódios e ela infernizou a vida de Seher e Yaman por mais cinquenta episódios, não? Eu lembro que Ikbal antes de ser morta pela própria irmã. Foi sequestrada, apanhou por todos os seus pecados e ainda teve quem tivesse pena. Ikbal era A VILÃ!

Até a sua partida foi icônica. Vimos sua alma penada partir a la Ghost do outro lado da vida. Canan foi lançada fora sem as honras que merecia uma vilã que veio na escuridão, em câmera lenta parecendo que era a própria invocação do mal.

Existe uma coisa chamada vingança e mesmo que a gente seja seres evoluídos, gratiluz, a paz do Senhor. Há um lado obscuro nas nossas entranhas, sempre haverá. No meu caso, eu pego esse lado ruim da força e coloco nas minhas histórias e espero ver isso nas historias dos outros.

Vilão precisa se ferrar para que o publico sinta o senso de justiça sendo feita. Canan não sofreu. Aliviaram para ela e pior, tem coisa que ela fez que ninguém nunca vai saber. A morte de Pai Arif, por exemplo.

Canan não era uma antagonista ela era uma vilã. Um ser maligno de alma podre que por motivos de ambição destruiu o Yaman. O próprio filho. Destruiu, isso mesmo que você leu. Porque o que ele fez, dentro dessa trama contra a Seher, acho que nem Deus perdoaria.

Eu juro a vocês, cara leitoras, e espero que vejam isso do ponto de vista da ficção. Eu amor o Halil, assim como amo a Sila. Inclusive adorei ver a cena em que a verdade é descoberta. Eles arrasaram na interpretação. Não tenho nada contra o ator, mas eu odeio o personagem Yaman Kirimli.

Eu odeio esse homem agressor, violento, cuja personalidade arisca é capaz de trancar a esposa que diz amar dentro de uma caldeira. Que é incapaz de deixa-la ir, de aceitar o fim do relacionamento. Ah, mas alguém pode dizer, que eu estou sendo iludida que na realidade as vidas amorosas são desse jeito mesmo. Que casamento tem desses altos e baixos. Sim, mas não é porque é comum, que é algo certo.

Deus nos livre de maridos, companheiros e namorados como Yaman Kirimli. Você já parou para pensar na complexidade das relações afetivas nos dias de hoje? Como é cada vez mais difícil achar companheiros que não sejam perpetuadores de comportamentos agressivos e machistas?

O mundo não mudou tão rápido como mudaram as mentes de muitas mulheres. Me corroeu a alma ver a Seher sendo compreensiva na hora da reconciliação com o esposo. Dizer que entendia o comportamento dele, se explicando e suavizando de certa forma as atitudes dele, para que ele não se sentisse tão mal? Como assim?

Nada justifica a violência que ela sofreu por parte de quem ela amava. A Canan ter criado o ambiente do caos não justifica as atitudes de Yaman. Ele é uma fera e todo mundo sabe disso e tolera esse comportamento de boas. Fikret levou uma surra, foi ameaçado de morte e ainda deu a mão para Yaman.

Eu não daria a mão para ele. Eu diria para Yaman: “você colocou a sua esposa numa caldeira, a prendeu, a maltratou e ofendeu. Você me bateu, apontou uma arma para a minha testa. Você acha que esse comportamento é bom? Todas as vezes que problemas apareceram a sua primeira reação será esmurrar Deus e o mundo?”

Falasse palavras duras, como “eu nunca mais vou te amar” ou “você é a minha maior decepção”. Podia até mesmo ofender, xingar se esse fosse o caso, isso tudo é compreensível. Afinal, no calor do momento a gente perde um pouco a educação nessas horas. Isso é natural de qualquer ser humano comum, porém, machucar? Tratar como se fosse lixo e depois ela mesma achar que “tudo bem? Eu entendo porque você agiu assim”.

Emanet não nega seu perfil violento, sua trama negativa, sua aura caótica e ruim. A gente já sabia disso quando entramos no barco, mas as vezes a gente demora a entender a relação tóxica. Eu demorei 300 episódios e mais de trinta resenhas. Mas me sinto tranquila de voltar aqui e comentar esse momento de amor do casal.

Sem, embora, tratar da temática sensível que vimos ao longo de mais de vinte e cinco episódios. Isso é preciso. Alguém precisa falar disso e que não, não é normal você voltar para os braços do homem que te machucou. Onde já se viu uma coisa dessas?

Eu perguntei semana passada no instagram, aproveita para me seguir é @estantedaautoraoficial. Perguntei às seguidras, se elas já tinham vivido ou presenciado um relacionamento igual ao de Seher e Yaman. A quantidade de respostas que recebi me deixaram com o coração apertado. O mais interessante é que todas que responderam criticaram a forma como está sendo escrita a relação de Seher e Yaman.

A verdade é que, sim, eu fiquei feliz de saber que eles fizeram amor, que essa cena finalmente aconteceu. Eu fico feliz, mas por dentro muito sentida de ter acontecido depois de Yaman ter sido pela milionésima vez um macho escroto.

Justo com a mulher que o ama de forma tão cega, que nem sequer enxerga que o marido é um cara que sempre vai maltratá-la, ao primeiro sinal de “falha” que ela tiver aos olhos dele.

Eu tenho asco dessa relação amorosa. Mas também sou escritora e meu lado de telespectadora que não verá mais Emanet fica aqui nesse tópico. No próximo o meu lado escritora vai apontar porque eu fiquei indignada pela primeira vez de Seher ter sido como foi.

A primeira vez de Seher

Por que o destaque desse momento para a Seher? Porque histórias de amor são voltadas para o publico feminino. A gente não vê muitos homens assistindo novelas, ou lendo histórias de amor. Embora haja muitos homens por trás da tela do computador criando histórias de amor, para um publico feminino assistir. É uma coisa de tradição, não?

Eu comprei recentemente um livro chamado “A seguir, cenas do próximo Capítulo”. Livro que entrevista os 10 maiores autores de telenovela do Brasil. Só tem uma mulher entre eles e se chama Glória Perez. A melhor história de Dizi da atualidade é escrita por uma mulher. A autora de Yargi.

Mas a maioria das histórias de amor são escritas por homens, mas consumidas por um massivo publico feminino. A gente sabe que a pessoa que coordena tudo, a roteirista principal é a dona Naz, mas há um time com ela que ajuda a montar o roteiro de Emanet.

É isso que me deixa reflexiva, como pode tanta gente reunida e pensando, sair de uma sala de roteiristas, com aquela marmota que assistimos? Eu sei que tem gente que achou TUDO o halvet no meio do mato. Eu também acharia se fosse, sei lá, a decima segunda vez deles dois.

Mas não vou ser hipócrita, as primeiras vezes são sempre um esterco de cavalo, não é? Não existe flores, nem velas, nem musica tocando no fundo. É só a sem vergonhice, o fogo no rabinho e pronto. Só que, uma história de ficção não tem compromisso de ser fiel a realidade. A vida é um emaranhado de problemas e soluções, mas a ficção nos torna testemunhas oculares de uma vida que não é a nossa.

Então, de alguma forma a gente projeta nossas expectativas naqueles seres que não existem. Idealizamos suas vidas, enquanto vamos vivendo a nossa. Estamos no ônibus pensando no fragman do episódio de segunda-feira. Ansiosos pelo desfecho da cena que ficou no final. Pensando em formas de como o vilão irá se ferrar, entende?

A gente não pode nunca esquecer que nossa visão de telenovela é totalmente diferente da visão turca. Mas tem coisa que é universal, de conhecimento geral. E mesmo que a gente separe uma coisa da outra, como eu geralmente faço para poder escrever. Acontece de dar esses bugs, esses sentimentos aflorados que me fazem esquecer da lógica das coisas.

Quando eu vi que o Halvet aconteceria no mato, eu fiquei muito indignada, porque a gente vem de uma cultura novelística que a primeira vez é sempre tratada com romantismo. Até nas próprias dizis se tem esse cuidado porque essa é a cena que mora na mente do publico por anos a fio.

Ela marca o casal, a novela e é capaz de gerar milhões de engajamentos, não só em redes sociais, mas no coração das pessoas. Só que Emanet é uma história estranha. Eu não consigo descrever de outra maneira, sem criar uma penca de teorias que tentem explicar porque a história foi por esse caminho, que levou o casal a ir para o meio do nada, para finalmente fazer amor.

Nós vimos que tivemos muitas tentativas, algumas mais bonitas que as outras. Algumas muitos sensuais, outras mais românticas. Todas foram interrompidas pelo próprio “escritor”. Não tinha porque a Ikbal jogar a Seher da escada, mas ela jogou. Assim como não era preciso que o dossiê aparecesse na noite de núpcias, podia aparecer na manhã seguinte.

Eu sempre disse isso nas resenhas, que seria muito mais forte e dramático se o dossiê aparecesse depois que eles fossem marido e mulher. O halvet devia ter acontecido lá naquele episódio 126. Mas só aconteceu no 325, depois de uma centenas de situações que poderiam fazer qualquer mulher sensata, repensar o fato de ir para cama com um Yaman Kirimli.

Não estou falando da beleza do macho, porque se a gente olhar para o fogo no rabinho. A gente faz besteira, se joga nos braços daquele barbudo e não pensa em mais nada. Só que a personalidade de Yaman é a pior de todas.

Todo mundo tem consciência disso e como eu sou mesmo muito ressentida com esse personagem, eu não consigo nem ver mais beleza nele. De novo, eu falo do personagem não do ator. Um beijo e um cheiro para ti, Halil. Para o Yaman nem sequer um beijo soprado.

Vocês perceberam que antes do halvet acontecer a história introduziu um negócio de “futuro bebe”? E que a todo momento Yaman falava de ter filhos com ela e até a Seher enfiou um treco na barriga para fazer de conta que tinha um bebe em seu ventre?

Eu poderia dizer que isso é um indicativo que eles querem fazer amor, mas e se for uma forma simbólica de demonstrar que o sexo é para fazer filhos e não por prazer? Estou sendo bem conspiratória aqui, mas eu tenho minhas razões para endoidar.

Um ano de casados dentro da dizi e nunca fizeram amor. Todas as vezes que o fogo surgiu entre eles foi apagado com um extintor. Seher sempre se comportava como se tivesse medo da intimidade entre eles. Mas assim, a gente sabe que não tinha motivo algum para isso. Eles foram tão interrompidos que parecia até que os autores não queriam que eles nunca fizessem amor.

Todos os outros casais da autora tiveram cenas de amor mais bonitas e elaboradas que a de Emanet foi. Todos. E não sou só eu que falo isso, mas são várias as pessoas comentando nas redes. Quer dizer que Yemin o casal faz amor num iate. Em Adini vão para hotel e Seher e Yaman fazem amor numa cabana no meio do nada?

Ok, tem um simbolismo. Eles fizeram amor dentro do futuro quarto deles. Na casa que eles vão construir. Quer apostar quantas moedas de um centavo que eles não vao viver nessa casa? Que haverá um preço catastrófico por essa felicidade? O prazer dos autores de Emanet é criar situações que destruam a vida do casal principal. Eles são bons nisso.

“A primeira vez” que Seher idealizou com o marido era muito linda, mas vocês lembram que ele surtou de ciúmes e estragou tudo? Guarda essa informação. Além disso, há muitos outros fatores que tornam a intimidade desse casal ainda mais complicada. A mansão é um lugar, que embora seja a casa deles, é também a casa de muitas outras pessoas e seus empregados são como sombras em seu encalço.

Eles não podem se pegar tranquilamente que sempre aparece alguém. Sempre aparece por que é normal ou sempre aparece porque o escritor escolhe assim? As escolhas dos escritores de Emanet é o que me deixa ainda mais indignada com a história.

Eles podem escolher o caminho mais legal, eles escolhem o mais chato, o mais frustrante, o mais sem noção SEMPRE. Yaman é um homem milionário. Para ele é como nada, mandar Nedim alugar um jato para viajar com a esposa para o Caribe. A trama faz com que a gente tenha a sensação que o Yaman não é rico coisa nenhuma.

Veja, sabemos que Emanet é uma produção de baixo orçamento, mas a criatividade existe ai para que? Ela é de enfeite? Não, na dificuldade é que descobrimos os dons, os talentos e a genialidade. O Brasileiro é meio assim, não é? A gente não joga a chinela fora, a gente põe um prego nela.

O ventilador não tem mais a capa protetora, mas se está funcionando, a gente usa mesmo assim. Temos o costume de consertar as coisas, de remendar, de reutilizar. Não jogamos moveis fora, a gente dá um novo uso para eles. Até roupa velha, termina a carreira virando pano de chão.

Criatividade é uma planta que alimentamos com ideias. É um baú que guardamos nossas preciosidades. Falta isso em Emanet. Não tem como gastar com uma “viagem internacional” ou para outra cidade, já que se fez isso no início da temporada? Então, usava o hotel que foi a locação do núcleo dois para a cena do casal principal.

Ou talvez, não tivessem sido tão teimosos e irresponsáveis com as expectativas do publico e usavam uma das várias cenas de “tentativa de fazer amor”, como a cena efetiva desse momento. Afinal, aquela mansão enorme está ali para locação, não?

Só que não foi feito isto e eu tenho uma ideia do porquê. Antes que essas cenas fossem sequer escritas, estávamos ainda no começo de toda essa trama da Canan. Quando chegou no meio, já tinha dado tudo errado, audiência oscilava, críticas rolavam de todos os lados. E sim, todo escritor fuxica o que estão achando das histórias deles.

Não tinha um ser vivo que estivesse vendo Emanet que não reclamasse da lambança. Eles tentaram e remendaram tramas copiadas de histórias anteriores da autora, fizeram um Frankenstein e mataram ele na unha, do nada, como Davi matou Golias. Com uma pedra e estilingue.

Foi assim que tudo se resolveu, embora tenha sido e não vou negar, engenhoso e até criativo a forma como Canan foi exposta em seus crimes. A reconciliação do casal recebeu mil quilômetros de panos quentes. Com falas problemáticas, que não cabem mais em romances do mundo contemporâneo. Um perdão rápido a um cara que nunca é visto em suas ações como um vilão fantasiado de bom homem.

Misericórdia, se toda as vezes que acontecer algo que colocar a honra da Seher em cheque, e esse macho achar que ela é uma vagabunda, e a tratar como tratou sempre quando isso acontecer. Deus me livre, será que vale a pena estar com alguém que NUNCA VAI TE AMAR CEGAMENTE? QUE CONFIARÁ EM VOCÊ ATÉ DEBAIXO D’AGUA?

Eu nutri uma esperança idiota com Yaman e talvez esse seja tenha sido o meu maior erro. Talvez o motivo que me fez desgostar dele. Eu achei que Yaman seria um homem apaixonado de verdade. Sabe, quando a Seher começou a trata-lo com indiferença até o ponto de abandoná-lo doente para morrer e tal. Eu fico pensando, e se ele lutasse por esse amor?

E se ele não se conformasse de perdê-la e fosse atrás dela depois de recuperado, não para subjuga-la como se ela fosse uma criminosa, mas para tê-la de volta como sua esposa. Se ele ama tanto como diz que ama, ia até ela confiante em suas bolas, que iria reconquistá-la, nem que fosse para provar que ela ainda o amava.

Só para jogar na cara dela, na cólera de seu ego machucado, “está vendo só? Eu ainda causo arrepios de prazer em você. Mas agora que eu estou bem e saudável, eu que não quero você. Seher Kirimli”. Esse é o tipo de sofrimento compreensível, não tóxico e ainda mais doloroso para a personagem Seher que uma agressão.

Esse é o tipo de sacanagem que o Yaman tinha que fazer, não a aprisionar numa caldeira. Que loucura é essa? Ele seria um escroto, mas um escroto que a gente sabe que está fazendo aquilo por despeito. Ele ainda a ama muito, está magoado, mas a ama. Só que o Yaman é um cara violento. Ele tem um lado mal dentro dele e sempre nos foi dito isto. Sempre.

Yaman com raiva desconhece até a pessoa que ele diz amar.

Eu não consigo ver o amor de Yaman com gestos, só com palavras e as palavras, o primeiro furacão leva. Ele já prometeu tantas vezes que “agora vai ser diferente”, “vamos viver algo novo a partir de hoje” e bla bla. Eu não acredito nele e você também não deveria. Ele está mentindo. O amor não anda de mãos dadas com nenhuma atitude violenta. Você não pode dizer que ama a mesma pessoa que você agride. Isso não é amor é doença.

O Halvet na cabana da americanas

Por isso que me entristece o halvet no meio do mato. Porque lembra que eu disse para você guardar a menção à cena que o Yaman estraga a surpresa amorosa da Seher por conta de ciúmes? Ele viu que ela planejou a melhor noite das vidas deles. Ela usou seu cartão black para comprar tudo para esse macho bundão e ele estragou o rolê.

Custava para Yaman Kirimli refazer essa noite perfeita? Não. Ele é rico, mas a riqueza do Yaman é só direcionada para caçar seus inimigos, para pagar à Canan pelo órgão doado de má vontade. Não serve para mimar a esposa e dar a ela, que estava fazendo amor pela primeira vez, uma noite inesquecível.

A gente sabe que Yaman já deve ser um homem vivido. Ele só não conseguia transar com a esposa, mas deve ter tido antes dela umas quantas outras. Então, ele sabia o que esperar, o que iria experimentar e dar a ela. A Seher não. Ele seria o primeiro homem dela. Custava o fogo na calça do Yaman se controlar só um pouquinho e dar a ela uma noite incrível, mas em outro lugar?

Até Emir Tarhun que casou obrigado com uma mulher desconhecida, bonita, mas desconhecida. Teve a malemolência para conseguir acalmá-la antes de irem para cama. Deu para perceber o desespero de Seher e Yaman para fazerem sexo. Olha como os autores deixaram os pobres dos personagens!

Eu culpo os escritores por isso. Yaman e Seher estavam para explodir de tesão, se eles não estivessem com a cabeça desejosa de fazer sem vergonhice, seja lá onde fosse, eles iam ter a mínima paciência para irem a algum lugar mais bonito e romântico.

Afinal o Yaman é rico. Ele, não é? Era só ligar e alugar a suíte daquele hotel que ele sugeriu na época da brincadeira do “namoro/noivado/casamento”. Manas, se ele fizesse isso, era capaz de eu voltar a ver Emanet porque eu sabia que a série se alinhou.

Eu ia saber que Yaman realmente se importa com o que a esposa deseja. Aquela era a primeira vez dela, não era sobre ele e a sua vontade alucinante de tê-la. Era o momento de recompensá-la por ter se sacrificado de forma heroica. Era a chance de reparar seus erros amando-a com devoção, dando a ela o prazer que ela merecia.

Embora eu tenha certeza que ele a fez sentir que o céu cabia dentro daquela cabaninha xexelenta. Porque Yaman tem cara que sabe fazer amor direitinho, esse filho da mãe. Só não teve a oportunidade, mas agora que a porteira se abriu… ninguém segura o homem.

Voltando às comparações. Emir de Yemin criou todo um clima de confiança entre eles para que houvesse a consumação do casamento. Isso não aconteceu com Yaman em Emanet. Ele não soube seduzir e ultrapassar as barreiras que ela impunha por receio do que iria acontecer.

Yaman não transou antes porque lhe faltou a persuasão demoníaca de Emir Tarhun. Podiam ter copiado isso de Emanet, não é seus escritores? Mas quiseram fazer Seher e Yaman dois santos puros, quase irmãos dormindo na cama. Eu hein!

Yaman ou era muito apressado, ou lento demais em suas aproximações. Se essa história fosse em outro canal, se ela fosse escrita por um brasileiro. Yaman, que tem o perfil selvagem, ia carregar Seher no colo, jogá-la na cama e beijá-la até a bicha implorar por mais.

Eu odeio o fato de que seja uma série conservadora com personagens que claramente não são assim. Além de tudo que eu disse, os escritores atrapalhavam os dois. Jogando algum outro personagem na cena só para impedi-los de se amarem. Era de propósito. De malandragem mesmo.

Por isso eu fiquei indignada com todas as lindas tentativas desperdiçadas, para que a primeira vez de Seher ser dentro de uma cabaninha ridícula, no meio do nada. Por toda a história de Emanet, o halvet deveria ter sido de outra forma.

Não me entra na cabeça que o Yaman que não poupou uma lira turca para dar a ela o casamento dos seus sonhos. Fez todas as vontades dela, só faltou beijar os pés dela, ficou igual um bocó porque beijou o rosto dela sorrateiramente.

Não me entra na cabeça que esse mesmo homem levou ela para fazer amor no meio do mato. Dentro de uma cabana, no chão, como se ela fosse uma namoradinha qualquer. Eu achei isso de uma incoerência. Yaman o seu fogo nas calças, o seu desespero por amá-la a qualquer custo o fez esquecer de todos os pormenores românticos e achou que assim estava bom. O pior é que ela achou também.

Ah, Seher, você merecia uma cama bonita, com flores vermelhas. Um quarto cheirando a perfume caro. Você merecia um ambiente refrigerado. O barulho das ondas quebrando na praia misturados aos gemidos instigantes do prazer. Você merecia acordar nos braços dele, enrolada num lençol caro e macio.

Você não casou com um operário, dentro de uma casa caindo aos pedaços, que vive com um salário-mínimo. Cheirando a pinga e sabão barato. Você casou com um milionário bonito, cheiroso e fogoso, mas que não sabe usar o cartão de crédito do jeito certo.

Eu tenho motivos para reclamar não tenho? Se em outras dizis os casais têm “primeiras vezes” tão legais e que nem precisa ser detalhada. Por exemplo, Sen Çal Kapimi, a primeira vez de Eda e Serkan foi uma das mais bonitas, românticas e sensíveis. Foi feita para um canal que permite cenas mais acaloradas, mesmo assim foi toda delicada ao mostrar aquele momento íntimo do casal.

Como eu disse antes faltou uma criatividade ali. Uma malemolência na criação do ambiente mais legal para os dois, sabe? Porém, eles já tinham esgotado todas as possibilidades mais interessantes e comuns a histórias de amor. Que a “última” que restou foi essa, no meio do nada, numa cabaninha de acampamento.

Ao menos, pelo que pudemos ver, os dois se sentiram muito bem. Acho que no fim das contas para eles que já tinham sido tão “impedidos”, qualquer lugar, a qualquer momento já era o suficiente. Eles só queriam transar nessa égua de dizi. Finalmente conseguiram e daí que foi desconfortável, no meio do nada, com mosquitos voando para lá e para cá. E daí? Eles transaram. Ponto.

Só que eu vou ficar indignada para sempre com essa primeira vez ter sido assim por conta de todo o contexto que eu falei ao longo desse texto. Essa cena, pela lógica das escritas de romances, não deveria ter sido a primeira vez deles.

Essa cena e lugar é para halvet selvagem depois de uma briga. Não deixa de ser, se a gente pensar um pouco. Porém, eu fico com aquela impressão que essa nem foi a primeira vez, porque como eu já disse na resenha do 300 e em anteriores a esta. Que eles, pela lógica, já deveriam ter nhanhado, porque sabemos que não precisa muito para isso acontecer.

A PROVA FOI O EPISÓDIO 325! Se eles podem e de forma conceitual fazer sexo no mato, então, o que é para eles encontrarem um tempinho suave na nave para fazer isso na mansão, sendo que eles conviveram muito tempo juntos, com cenas que davam margem para essa possibilidade?

Eu não ponho minha mão no fogo por esses dois. A primeira vez não devia ter sido assim, mas foi. Fazer o que? Eu vou poder ir lá dar um soco no Yaman e dizer para ele preparar um babado mais legal pra mulher dele? Não. Então, engulo minha indignação e tento gotejar menos veneno com as palavras aqui nesse texto.

Mas acho que não consegui.

Sofrimento à vista

Como prometi eis o texto comentando essa cena. Espero que tenha sido divertido e interessante para vocês que estão lendo. Aqui terminam oficialmente todos os textos sobre emanet, se porventura, houver um no futuro. Eu vou avisar, mas não esperem um texto. Não fiquem ansiosas.

Para quem vai continuar assistindo eu quero dizer que Seher e Yaman são seres transantes agora. O que quer dizer que, toda noite isso vai acontecer, aumentando as chances de Seher engravidar. Se é que o bebê já não foi encaminhado.

Aviso novamente, você não quer ela grávida com Zuhal dentro dessa mansão. Você não quer passar pela emoção de ver os dois descobrindo a gravidez para logo depois serem esmagados com a morte ou da criança ou da mãe.

Então, assim, não criem expectativa com a gravidez da Seher que está vindo. Por favor, não façam isso. Eu fiz em Yemin e eu chorei igual uma vaca velha. Fiquei com raiva. Não foi bom. Eu juro para vocês. Eu já disse outras vezes e voltou a repetir. Se tiver bebê ou ele não vive ou a Seher não vai viver. E se ela não viver é porque…

Então, fiquem atentas porque a serie está se encaminhando para sua segunda metade. Pesquem todos os detalhes, se ela engravidar, o que provavelmente vai acontecer, esperem o pior. Porque se o melhor vier, então, vocês vão ficar felizes.

Abaixem as expectativas. Toda alegria em Emanet tem um preço caríssimo. Emanet é uma dizi pessimista. O melhor nunca é permanente, mas um temporada curta, que mais parece um sonho. A realidade é o sofrimento e a dor.

Bom, obrigada por acompanharem a Estante. Que bom que esses dois nhanharam. Já não podemos mais zoar eles. Poxa vida! Parabens, Seher e Yaman. Agora vê se vocês nhanham por todo o tempo que vocês não nhanharam, tá? Sejam felizes, enquanto puderem ser.

Beijos, meninas!

P.s. Se você quiser todas as resenhas de Emanet só clicar aqui.