#NovelasMexicanasEnredosInesquecíveis

Olá,

Pode até que essa novela não seja a mais famosa, mas de certo é uma das mais conhecidas da teledramaturgia mexicana. Como tudo que envolve essa nossa série Novelas Mexicanas: Enredos Inesquecíveis.

Sortilégio tem um apelo pessoal e sentimental muito grande. Através dela conheci dezenas de pessoas legais e uma em especial que já apareceu no artigo anterior.

Falar de novelas e não falar dessa trama de Maria Zarattini seria um verdadeiro crime. Por isso minha segunda novela favorita, não está nesse posto por acaso.

No texto de hoje te levarei para dentro de uma das trama mais picantes que o México produziu. Obra está que tem assinatura totalmente feminina. Vamos lá!

A história

Maria José casou-se com Bruno Albeniz, acreditando que ele era chamado Alessando Lombardo. Ela não sabia, mas Bruno havia criado um plano para matar o irmão e assumir o lugar dele na empresa através da herança que Maria José receberia como sua viúva.

O problema é que tudo deu errado, Alex sobreviveu e voltou para casa descobrindo que tem uma esposa, do qual não se recorda. Intrigado com esta situação, Alex passa a investigar e uma das formas que encontrou para fazer isso foi através da sedução.

Ele fingiu não se lembrar da esposa e tentou se aproximar dela. Alex que é um homem inteligente logo consegue compreender que algo não está certo. Após pressionar Maria José, Alex descobriu a verdade e passa a proteger Maria José de Bruno.

Os dois se aproximam, e se apaixonam perdidamente e tentam viver seu amor, mas Bruno, além de tumultuar a relação dos dois, ainda promove uma sucessão de infortúnios na vida deles e na do resto dos personagens. Consagrando-se um vilão daqueles que amamos odiar. Porém, vamos falar mais a respeito da trama no decorrer do artigo.

A Autora e a Produtora

Sortilégio de 2009 é uma obra criada pela mente de Maria Zarattini. Nascida na Itália, ainda jovem mudou-se para o México, onde fez sua carreira de autora de novelas. Ela foi casada com José Rendón produtor executivo de Coração Selvagem.

Isso soa familiar, não é? Sim, Maria Zarattini adaptou o texto da novela Coração Selvagem de Caridad Bravo Adams para a televisão em parceria com seu esposo.

No artigo anterior que fala sobre Coração Selvagem, eu destaco a importância de Zarattini no texto da novela de 1993. Portanto, não há uma pessoa mais experiente em textos de época do que Maria Zarattini.

A prova disso é que ela possui em seu currículo clássicos como Coração Selvagem, Amor Real, Passion e Alvorada. E quase todos eles em parceria com Carla Estrada.

Sortilégio, no entanto, diferente de algumas das obras citadas ao longo da nossa série, é uma nova versão de outra novela também de Zarattini, chamada Tu o Nadie de 1985. Ou seja, ela teve a oportunidade de reescrever sua própria novela. Exceto a versão de Tu o Nadie de 1995 chamada Acapulco, corpo y alma que foi adaptada por Eric Vonn.

Tu o Nadie de 85 foi produzida por José Rendon e causou o maior frisson na mídia da época por explorar o elemento sexual entre seus protagonistas. De acordo com o Almanaque Latino, uma das fontes consultadas para escrever esse artigo.

Tu o Nadie não era tão apimentada assim, tinha apenas beijos mais acalorados. Só que para a época isso foi uma espécie de revolução e diferencial. O que marcou a carreira de Zarattini foi a ousadia com enredos repletos de casais apaixonados.

Um exemplo é Coração Selvagem e a dinâmica amorosa que envolveu o quadrilátero romântico da novela. João ficou com Aimé, que por sua vez ficou com André que era prometido de Mônica. A relação entre os personagens já começa bem complexa.

Eu cheguei a comentar o quanto João e Mônica são um casal fogoso. Embora não sejam mais que fofas e puras cenas de amor para os padrões atuais. O implícito inserido nessa novela de Zarattini, consegue surtir o mesmo efeito de cenas explicitas. Eu vou explicar.

O implícito incita a imaginação e torna ainda mais forte o impacto romântico de uma cena, por exemplo. Porque você é obrigado a imagina como foi, como é, como dever ser a relação intima entre o casal.

Em diversas cenas ao longo de Coração Selvagem nós vemos João dizendo o quanto deseja Mônica. Expressar esse sentimento abertamente, com paixão e sedução, faz do elemento sexual na trama algo excitante de ver.

Não é à toa que João do Diabo se tornou um símbolo sexual, uma lenda das telenovelas. Caridad criou João e Zarattini soube potencializar de alguma forma esse poder. Claro, devendo sempre elogiar a atuação de Eduardo.

A composição desses vários elementos tornou João do Diabo o que é conhecido hoje.

Eu sempre digo que as novelas são produtos feitos para um público majoritariamente feminino. Então, a partir do momento que você entende o que seu público quer ou esperar ver, você consegue capturar a atenção deles para a sua história.

A maioria das noveleiras que eu encontro falam sobre personagens masculinos bonitos, charmosos, sedutores, cuja presença masculina as deixam com borboletas no estomago.

Maria Zarattini conseguiu trazer essas características para seus protagonistas masculinos. Tanto que os homens fictícios que eu mais amo da teledramaturgia mexicana são João do Diabo e Alex Lombardo.

Ambos os personagens passaram pela mão criativa de Zarattini. No caso do último, ele é criação 100% dela.

Eu falo das duas novelas porque elas são as minhas favoritas da vida, e elas realmente tem alguns traços em comum. O fato do casal possuir uma química extraterrena, por exemplo.

Mas, talvez, no caso de Sortilégio, o crédito por isso seja dado à produtora Carla Estrada e à diretora Mónica Miguel. Elas souberam conduzir a novela de uma maneira ímpar. Tanto que eu ainda não assisti uma novela que siga pelo mesmo rumo que essa.

Sortilégio é uma trama ligeira, curta e objetiva. Possui apenas 90 capítulos e nesse tempo conseguiu estabelecer o romance do casal principal. Focar nele e explorar a química dos protagonistas. Inseriu, além disso, elementos extras e igualmente interessantes com os núcleos secundários.

Soube dosar o romance e o erotismo na medida certa para uma novela, conseguindo causar um impacto significativo. De acordo com Almanaque Latino, na época Sortilégio era chamada de Pornolégio, por conta das suas excessivas cenas de sexo.

A meu ver, Sortilégio foi vanguardista para o seu tempo. Ninguém podia imaginar que nove anos depois teríamos Cair em Tentação. Novela que, segundo o próprio Almanaque Latino destronou Sortilégio no quesito sensualidade a flor da pele.

Eu concordo, mas por anos a fio Sortilégio seguiu isolada como a novela mais erótica da televisão Mexicana. Hoje em dia, com o advento dos streamings e de um público, embora em sua maioria conservador, mais aberto a novas experiencias.

As novelas podem explorar esses elementos sem receber tanta critica, ao menos não tanta quanto Sortilégio recebeu em 2009. Outro detalhe é que há uma variação recente, com a inserção do gênero nos streamings. Um exemplo é da inovadora Todas as Flores, novela exclusiva do GloboPlay.

Essas novelas possuem a tendencia de ser ligeiras, objetivas e repletas de ação e drama, que prendem o telespectador. Eu confesso que tenho uma preferência por novelas em streaming, porque posso assisti-las quando eu quiser.

Sortilégio, inclusive, alguns anos depois de sua exibição estava disponível na integra, em HD no canal no youtube da televisa. Na época em que passou no Brasil pela primeira vez, ainda estava disponível, mas infelizmente a Televisa retirou a novela de seu canal.

A novela foi escrita por Zarattini, produzida por Carla Estrada e dirigida por Mónica Miguel. Um trio feminino que conseguiu fazer desta novela uma obra, como eu já disse, única. Não existe outra história com a vibe de Sortilégio.

Carla Estrada é uma produtora bem-sucedida, e que possui inúmeros sucessos em seu currículo. Mas Sortilégio, na minha opinião, é o maior de todos pela ousadia de ser diferente, de explorar os elementos ferro e fogo sem dó.

Eu amo como a novela possui brigas faraônicas, que a gente só veria, por exemplo em um núcleo pobre das novelas brasileiras. Ao invés disso, vemos irmãos que vivem numa imensa e luxuosa mansão brigando como cachorros em um canil.

A novela valoriza a cultura mexicana e abarca o público noveleiro. Dando a eles destaque no último capítulo, como muitas novelas mexicanas fazem. Mas a sensação vendo o casamento de Maria José e Alex foi como se eu tivesse acompanhado e torcido por um time de futebol, que acabou de ganhar um campeonato.

Desejei ter estado no meio daquela multidão acompanhando o desfecho romântico daqueles personagens tão populares.

Embora Carla seja a mais lembrada por esses tantos feitos com esta obra, que foi a sua última no cenário noveleiro Mexicano. Destaco também o enredo de Zarattini que soube com primor fazer a releitura de sua própria obra, explorando todas as possibilidades de seu novo casal protagonista.

Tivemos a diretora Mónica que deu o tom das muitas cenas de caráter até antológico, como a briga de Bruno e Alex, sendo que Bruno estava só de cuecas. Até as cenas de cunho sexual, não somente dos protagonistas, mas dos outros personagens.

Acredito que há digitais das três em tudo nessa novela, mesmo que não seja tão simples de discerni-las. Os noventa capítulos da minha novela favorita são fruto do trabalho de uma grande equipe e fica aqui meus sinceros agradecimentos a todos, que acreditaram nessa novela e a produziram para nós.

O erotismo em Sortilégio

Alex e Maria José são um casal insaciável. Cuja sede por intimidade é justificada pelo enredo. Eles são jovens, recém-casados e cheios de vontade de se amar. Vivem uma intensa, inesperada e voraz paixão que surgiu sem que eles pudessem controlar.

A maioria da novela se passa dentro da mansão Lombardo e quase todas as cenas de Maria José e Alex são em seu quarto. Não digo apenas as intimas, eu falo de conversas e brigas. Cenas dramáticas e até as divertidas acontecem nesse ambiente.

O que já imprime em nós essa vibe intimista.

Os ângulos de filmagem também ajudaram, o estilo empregado trouxe dinamismo e aproximou o público do ambiente fictício. As cenas que foram tão bem ensaiadas, atuadas e conduzidas pela equipe por trás do novelão. Tiveram seu papel no produto de Sortilégio.

Isso tudo, porém, não teria um embasamento forte se não fosse pelo enredo. Porque existe diferença entre histórias de cunho erótico e as que usam o elemento em doses ousadas, sem sair do gênero que pertencem. Novela é novela.

Agora o que realmente faz toda a diferença é a construção romântica do casal. Essa construção podemos chamá-la de preliminares. Elas precisam existir para que se tenha a impressão de que é a coisa certa a acontecer entre eles.

Sem isso, a história pode correr o risco de se tornar uma “365 dias” da vida. Um filme pornô gourmetizado. Se você gosta desse filme, perdão lhe dizer, mas de um ponto de vista narrativo, é uma das coisas mais toscas que eu já assisti.

Eu vi só para poder falar com propriedade, para não dizer nada do entendimento de outro crítico. Eu vi o filme e não é bom. É um filme péssimo, cujas cenas são excessivamente desnecessárias e sem o tratamento que se espera.

Voltando à novela, que sim, tem cenas quentes e sem perder a narrativa. O enredo segue ali, a trama principal não para. O que acontece na verdade é um parêntesis longo, ao explorar a intimidade do casal com riqueza de detalhes.

Intimidade é a chave mestra da narrativa de sortilégio.

Primeiro, ela embarca no erótico dentro de um ambiente familiar. Alex e Maria José são casados. Existe a legalidade do casamento entre eles. Muito embora, os dois não sejam casados de verdade e sejam vítimas de uma trama de Bruno. Para eles, de alguma forma, aquele papel vali. Havia mesmo uma ligação matrimonial entre os dois.

Exemplo, a primeira vez de Alex e Maria José se deu após um grande conflito. Maria José é ameaçada por Bruno para fugir com ele, Alex descobre e vai atrás dela. A resgata das mãos de Bruno e após um jantar e conversas francas.

Alex e Maria José se veem dentro de uma bolha romântica. Onde revelam suas inseguranças e tristezas. Alex principalmente, já que conta a Maria José todos os seus sofrimentos com Bruno ao longo da vida.

Alex diz que está apaixonado, mas ela se recusa a acreditar. Se esquiva, até que não suporta mais e sucumbe a paixão que também sente por ele. Os dois se amam no quarto onde Maria José dorme.

Sinceramente, eu amo Sortilégio. Adoro essa novela, mas essa primeira vez não foi nada legal de assistir. Se comparar com a segunda, parece uma coisa meio sem dança, sem gingado.

Eu ri, mais do que do que achei sexy. A ideia de mostrar Maria José como uma mulher alheia e tímida ao que rola entre quatro paredes. Não me convenceu, ainda mais pela desenvoltura dela na segunda vez.

Gosto de pensar que foi um prelúdio do que veríamos depois. Porque são cenas completamente diferentes no tom. Em relação à primeira ela está acanhada, um pouco sem jeito, Alex parece empolgado e sedutor. Toma a direção de tudo, envolvendo-a de modo que se torna impossível recusá-lo.

Alex sabe fazer as coisas.

Na segunda vez, foi diferente havia uma unidade. Os dois estavam na mesma vibe, Maria José não estava mais acanhada e foi nítido o quanto ela estava confortável com Alex. É como se ela demonstrasse “eu sei exatamente o que fazer”.

Bom, o fato é que, a segunda cena é considerada uma das mais quentes das novelas mexicanas e não aconteceu, senão depois de uma sequência coerente de eventos.

Teve todo um processo por trás, Alex realmente demonstrou que estava a fim de Maria José. Indo socorrer o pai da nossa protagonista, afirmando com esse gesto que não se importa apenas com ela, mas com todos que ela ama.

Na verdade, Alex estava mais feliz com o fato do casamento ser de verdade agora, do que ela. Compreensível porque a última vez que Maria José se apaixonou, resultou que seu amado era um bandido mentiroso chamado Bruno.

Maria José e Alex protagonizam uma cena de amor, digna dos dias de hoje. Estamos falando de uma trama de 2009, por isso eu comentei que era uma novela vanguardista.

Depois de Sortilégio outras novelas também exploraram o erótico, cada uma à sua maneira. Algumas mais que outras. Até que veio Cair em Tentação. A novela que desbancou Sortilégio nesse quesito.

Eu digo que a cena de Alex e Maria José é muito legal, porque parece que foi feita hoje em 2022. Se você já assistiu Bridgerton vai concordar comigo que a cena de Sortilégio usa os mesmo elementos, os toques, os detalhes, as insinuações e os ângulos que sugerem o ato sexual.

Mas Bridgerton é uma série para streaming contemporânea nossa e Sortilégio uma novela de 2009 exibida na televisão aberta mexicana. Por isso digo que é uma cena muito boa e digna dos padrões atuais de concepção de cenas amorosas.

Eu não tenho o menor problema com cenas mais quentes, inclusive acredito na tendencia de que elas serão mais corriqueiras do que os conservadores desejariam. Não é que as histórias estejam ficando mais erotizadas, é que os romances agora possuem mais liberdade criativa.

Melhor que isso encontram receptividade do público, as pessoas esperam ver histórias mais ousadas. Principalmente o público de streaming, que está pagando para assistir o conteúdo.

Bom, o fato é que no decorrer da novela a intimidade de Alex e Maria José aumenta, se torna ainda mais picante e envolvente. Porém, curiosamente, não existe mais nenhuma cena tão “explicita” como aquela do começo da novela.

Agora vamos falar de outra característica de Sortilégio.

Antagonismo protagonista

Embora pareça contraditório esse título há uma verdade por trás dele. A novela de Zarattini possui um vilão, que eu particularmente amo. Eu devo ter dito isso aqui, mas eu volto a dizer, eu sou apaixonada por vilões.

Gosto dos personagens cujo caráter é terrível. Pessoas escorregadias, mentirosas, trambiqueiras, falsas e dispostas a tudo para ter o que desejam. Como escritora posso dizer que são os mais divertidos de escrever.

Bruno Lombardo é o vilão de Sortilégio e eu o chamo de protagonista porque, embora tenham outros antagonistas na trama. Ele consegue ter um destaque estrondoso no meio deles.

Na novela existe um núcleo que envolve a ex-namorada de Alex, a Maura e sua irmã Lizete, que criam um plano para separar o casal principal. Usando um falso amante chamado Mario Aguirre.

Mas eles não são tão geniosos quanto Bruno, que descobre o plano, se insere nele e consegue ter sucesso em sua empreitada. Ou seja, se Bruno não entra na jogada, eles nunca conseguiriam efetivar o plano de separação.

Além disso, Bruno é uma peça essencial na formação de todos os conflitos na trama. Ele é um demoninho que consegue com seus dedos atrapalhar todos os outros personagens. Desde a sua irmã até sua mãe. Não tem uma pessoa que ele perdoe.

Bruno é uma devastação, mas ao mesmo tempo é um cara muito bonito. É um homem charmoso, elegante, sensual e que sabe como te conquistar para te fazer perder o juízo. Como o que aconteceu com a adolescente com quem ele se envolveu ao longo da novela.

Ele é um vilão reprovável em todos os sentidos, mas ele não aparenta ser. Se tem uma coisa que me encanta nesse personagem é isto. Levo esta característica de Bruno para minha vida de escritora. Tanto que todos os meus personagens vilões são exatamente assim.

Lindos, porém canalhas.

Porque a beleza de Bruno deslumbra, mas a malvadeza dele é terrível e assustadora. É sobre isso que eu estou falando. Há uma cena que me derrete por esse vilão. Embora ele seja muito violento, há momento que a violência dele é subjetiva. Isso é de arrepiar a espinha de tanto medo.

A cena em questão é uma em que ele pressiona Maria José a ficar com ele. Os dois acabam no chão e Bruno usa esse momento para mostrar o quanto ainda é obcecado por ela e o quanto é ressentido com o irmão.

Em partes amo essa cena por achar David e Jacky um luxo em suas respectivas atuações. Porque Maria José, embora seja vista como uma protagonista chorona, tem seus ápices de enfrentamento. Ela peita Bruno sem medo algum.

A outra cena é uma que eu acho incrível pelo nível de malvadeza e também de “amor louco”, digamos assim, que o Bruno sente por Maria José. É até um crime dizer que é algum tipo de amor, mas a verdade é que eu realmente senti que o Bruno “levemente” se arrependeu.

Foi um minuto de clareza e juízo que deu nele após sua maior devassidão. Bruno briga com Maria José, a joga no chão e ainda chuta sua barriga de gravida. Embora não seja um chute forte, foi um chute de qualquer maneira.

Ela sente que com a queda a bolsa estourou e implora que Bruno a ajude, já que ele é a única pessoa por perto que pode fazer isso. Lembrando que a mansão Lombardo é quase uma fazenda. O negócio é enorme, Maria José sabia que se Bruno fosse embora sua vida estaria em risco.

A Felipa vê Maria José no chão, porque por ocasião do destino estava passando ali e faz o alarde. Bruno finge que está se aproximando para ajudar e presta o socorro. Lembrando à Maria José que ela estava devendo a ele.

Bruno é um cara imprevisível, que nos surpreende em sua capacidade de maquinar o mal. Ele é terrível, mas Carla Estrada soube fazer o vilão ser irresistível. Dando cenas em que a beleza do ator David Zepeda era explorada com muito afinco.

A verdade é que todos os atores tiveram cenas “semi-nudes”, o que também é uma característica vanguardista. Hoje em dia já é bem normal, mas em 2009 não tanto.

Além disso, a novela explorou a química de Jacky com David dando a eles dezenas de cenas juntos. Talvez não tantas quanto as dela com William. Mas Bruno ocupava muitos espaços na trama, no período de desaparecimento de Alex, Maria José e Bruno brigaram muito.

Mas o período que podemos ver as possibilidades, do qual eu estou falando, é quando Maria José se esquece de quem é e acreditar ser Sandra, sua irmã gêmea. Bruno se passa por namorado dela e tenta conquista-la, sem ser bem-sucedido.

Ainda bem.

Casal em tempo integral

Para finalizar nosso artigo eu falo do enredo que permitiu a maior quantidade de cenas de casal ao longo de uma novela, que eu já vi. Geralmente, os casais demoraram muito tempo para ficarem juntos.

Então, quando eles se unem, acontece uma ruptura, após isso há uma tendencia de vai-e-vem, que se perpetua até a reta final das tramas. Antes eu não me importava muito com isso, mas depois de ver Sortilégio e perceber que tem como fazer uma novela com o casal unido.

Eu não consigo mais achar esse jogo de vai-e-vem interessante. Eu sei que tem muitas formas de se conduzir um enredo, e tem umas mais bem sucedidas que outras. Mas eu acho a ideia de Sortilégio um aprimoramento daquilo que é importante numa novela: O apego pelo casal protagonista.

Quem diria que anos mais tarde existiria essa onda tão forte de “shippar casais”, ou seja, torcer como se fosse time de futebol por um casal de novela, de série ou filme. Não que isso já não acontecesse anteriormente, mas é que o negócio se popularizou.

Hoje não só as novelas, mas qualquer série ou filme, precisa entrar nas ondas dos “fandoms” para chegarem num patamar popular. Você pode notar que existe obras que não são conhecidas por suas histórias, mas por seus casais.

Exemplo, Crepúsculo com Bella e Edward. Jogos Vorazes, com Katniss e Peeta. Um outro exemplo que eu poderia destacar aqui, é o que me fez ver Game of Thrones. Eu passei anos sendo bombardeada por pessoas falando de Daenerys e Khal Drogo.

Eu não sabia nada da série, mas o nome desse casal sempre estava na boca do fandom. Assim como sua história de amor.

O que eu quero dizer com isso é que uma romance não se sustenta sem um bom casal. E ela só faz sucesso se tiver quem enlouqueça por eles. O público precisa ter curiosidade, sede e desejo de saber o que vai rolar entre os personagens nos próximos capítulos.

Existem as migalhas, mas existe também os pratos cheios. No caso de Sortilégio existe um verdadeiro menu degustação de cenas. Existe a entrada, que vem para impactar e mostrar ao que veio. Como as primeiras cenas de amor, por exemplo.

Então, temos o prato principal que envolve a pessoa com sabores e aromas. São as cenas, como a do banheiro do hotel, as do Cenote, as da praia as cenas que vem depois do atentado à Maria José e assim por diante.

A sobremesa são as cenas finais, repletas de doçura, cuidado e amor. Que são as cenas “pós-falta de memória” até a reta final da novela.

Se formos contar todas as cenas que eles ficaram juntos em 90 capítulos, certamente vai contabilizar quase 80% da novela. Quando eu falo ficar junto é emocionalmente, porque fisicamente eles podem até estar separados. Como no caso de quando Alex ficou preso numa ilha deserta.

Mas ainda seguiam amando um ao outro, não estavam intrigados, acreditando em alguma mentira. Nem sequer ficaram com outras pessoas ao longo da novela. Como geralmente acontece quando há uma ruptura entre o casal, eles encontram outros para namorar.

Alex e Maria José são leais ao extremo. Até quando Alex cambaleou e beijou Maura, ele não conseguiu ir adiante porque estava preocupado com o paradeiro de sua amada Maria José.

Eles são um casal incrível justo por permanecer vencendo vários tipos de intemperes. O amor deles sempre é testado e eles sempre saem com nota 10. É aos trancos e barrancos, mas não desistem. Tem momentos que há essa incerteza da parte de Maria José, que eles parecem nunca ficarem felizes por completo, que sempre acontece alguma coisa.

É verdade, sempre acontece, porque Bruno é incansável. É um vilão que não desiste e consegue atrapalhar os dois de forma direta e indireta. É um luxo de enredo que permite essa aproximação única do casal, por conta dessa dinâmica peculiar:

O vilão é irmão do protagonista e ex-namorado da protagonista.

Ele tem um influência inevitável sobre os dois. Veja, Bruno até tentou enganar Maria José quando ela estava sem memória, mas não conseguiu vencer o carisma e o amor sincero de Alex.

Que descobriu a trama do irmão e usando da mesma técnica se aproximou de Maria José para conquista-la novamente. Deu certo, embora não sem um grande de um drama. Inclusive vamos falar dele agora.

As Melhores cenas de Sortilégio

Para finalizar indico a vocês que assistem as três cenas que eu acho mais legais dessa novela. A primeira é esta em que Alex desesperado tenta se aproximar da esposa que não se lembra dele.

Eu não tenho palavras para descrever o quão intensa, romântica e emocionalmente tocante é esta cena. A atuação de William Levy é de bater palmas, não é a toa que Sortilégio é a melhor novela dele em termos de atuação. Cena perfeita, acompanhe aqui:

Essa segunda cena é muito bonita, e eu gosto dela só porque eu acho fofo como depois de tanta dificuldade e momentos difíceis. Alex finalmente conseguiu se aproximar da esposa. E claro, Maria José meio que se abriu ao amor com seu marido novamente. Sem falar que essa cena de beijo foi incrível!

A terceira cena é a última cena da novela. Quando após tantas lutas e dificuldades o casal pode desfrutar seu amor numa lua de mel digna de reis. Acho interessante essa cena final porque mais parece aqueles videoclipes de capa de revista.

Não parece muito cena de novela. Fica muito na cara que é um cenário montado, porque não tem nada ao redor, sabe. Não dá para identificar se é a parte de praia de um hotel que os personagens se hospedaram para sua lua de mel.

Eu acho muito bonita porque foca naquilo que é o responsável pelo sucesso dessa novela. O casal protagonista interpretado por William Levy e Jacqueline Bracamontes. Uma dupla icônica, portadora de uma química explosiva, que infelizmente talvez a gente nunca mais possa ver se repetir.

Será? Eu ainda tenho esperanças.

Aqui termino a série Novelas Mexicanas: Enredos Inesquecíveis. Espero que vocês tenham gostado de todos os textos. Eles foram feitos com todo amor e carinho de uma fã para outras fãs.

Obrigada por acompanhar a leitura e vejo vocês nos próximos textos!

Até mais!

Fontes:

Sortilegio: O melhor e o pior https://www.youtube.com/watch?v=4x6YeNPNlIA&ab_channel=AlmanaqueLatino

As novelas mexicanas mais sensuais https://www.youtube.com/watch?v=V6DBPmNtXKI&ab_channel=AlmanaqueLatino

Top 10 melhores casais das novelas https://www.youtube.com/watch?v=8b3KPnOpJ0k&ab_channel=AlmanaqueLatino

https://pt.wikipedia.org/wiki/Sortilegio_(telenovela)

https://www.imdb.com/name/nm0953375/bio?ref_=nm_ov_bio_sm

https://www.themoviedb.org/person/956628-mar-a-zarattini?language=pt-BR