Publicado em Dizis Longas, Novelas Turcas:

Kan Çiçekleri – Primeiras impressões da 2° temporada

A expectativa pelo desenrolar da história de amor de Dilan e Baran terminou. A segunda temporada da série diária do Kanal 7 voltou às telinhas dia 18.

Quem esperou ansiosamente por essa data deve estar com o coração dividido entre uma grande felicidade porque a novela começou e uma grande frustração porque a história “começou” na retranca.

Acho que as teorias do fandom eram bem melhores do que a narrativa escolhida para dar o ponta pé inicial ao ciclo da segunda temporada. Mas antes de eu fazer a minha reclamação, eu preciso enaltecer o sofrimento.

Acompanhei a série ao longo da semana, episódio após episódio, e foi maravilhoso ver a dor emanando de nossos queridos personagens. Eu sei que pode parecer até esquisito dizer isso.

Mas não foi bonitinho ver eles sofrendo? Chorando desconsolados como se o problema que eles estivessem enfrentando fosse o fim do mundo? Apesar de tudo, eu amei contemplar a emoção dos dois ao se reencontrarem. Todos os sentimentos incubados da Dilan, todos os sentimentos tão bem expostos pelo apaixonado Baran.

Isso foi bom de ver. Mas só isso mesmo, porque de resto apenas estresse, raiva e vontade de rasgar o roteiro desses cinco primeiros episódios.

A nova antagonista de Kan Çiçekleri é rica, bem articulada e supostamente possui um poder sobrenatural na trama. Ela sabe tudo e todas as coisas sobre os Karabey e tem uma raiva especial do nosso Baranzinho.

Sabiha culpa ele de ser o responsável por tudo de ruim que aconteceu a sua filha. Por isso, sente-se no direito de vingança. Até aí tudo bem, tem sentido ela querer se vingar e promover um massacre no dia do casamento dele. Quer dizer, se enxergamos o assunto do ponto de vista dela.

Agora, sequestrar Dilan por três meses e depois deliberadamente devolvê-la ao marido como um cavalo de troia. Achando em sua vã ilusão que ela irá convencê-lo de que naquela fatídica noite ela foi embora de livre e espontânea vontade. É brincar com a nossa inteligência.

Dilan precisava convencer o marido de que ela não gostava dele e nunca gostou. Além disso, precisava sair de perto dele e ir embora para o lugar onde a tal Sabiha mandaria ela. Tudo isso para evitar que ele e todos que ela amava morressem.

Eu passei quatro episódios pensando, o Baran nunca vai cair nessa marmota. Ele é inteligente o meu menino. Ele vai desconfiar, ele não vai aceitar as desculpas da esposa.

Então, a Dilan em uma tentativa ainda mais desesperada de se apartar do amado, para enfim salvar a vida dele. Acaba ferindo-o de tal modo que ele acaba acreditando. O impensável acontece. E a gente se pergunta: Por que ir tão longe?

Eu não sei vocês, mas todas as justificativas da Dilan para se separar do marido fazem sentido, porém são dolorosas de serem ditas. Faz sentido ela usar essas ofensas para validar sua recusa em permanecer com o esposo.

É bem engenhoso até que sejam usadas essas justificativas, porque é o tipo de coisa que realmente ela diria se quisesse ir embora ou se não o amasse. Não concordam?

Porém, Dilan está sendo uma incrível atriz. Está esforçando-se ao máximo para conseguir tirar o Baran do eixo. Só que quando a cortina se fecha e ela fica sozinha na coxia. O coração da grande atriz Dilan se desfaz em pedaços.

Ela está sofrendo tanto quanto ele, mas sem necessidade alguma. É tipo aquela história de se estar fazendo uma tempestade em copo d’agua.

A lógica nos faz pensar apenas em uma coisa: se Dilan contasse à Baran em seu quarto o que Sabiha mandou ela fazer, assim como as ameaças dela. Baran seria capaz de agir à altura. Poderia contra-atacar.

Ele é Baran Karabey, o dono proprietário de um clã respeitado e temido em toda Mardin. Se esse homem quiser ele põe o cão e os comparsas dele debaixo do solado do seu sapato preto caro e lustroso.

Dilan está completamente doida. E olha que eu amo ela, mas ela está meio desajustada tadinha. O medo de que as ameaças da Sabiha se concretizem estão fechando os olhos para uma verdade absoluta. Ninguém pode matar Baran Karabey.

Nem ela pôde, quando enfiou o punhal no peito do macho. Quer dizer? Ninguém iria morrer se ela contasse. Se a nossa querida farmacêutica pensasse um pouco com o juízo mais calmo, teria se poupado de todo esse sofrimento.

Dilan e Baran deveriam ter se reencontrado após o sequestro. Se abraçado, se beijado. E já deviam estar fazendo amor e encomendando os curumins. (Mesmo que essa parte a gente não chegue a ver). Não deviam estar dando passos para trás.

Novela, porém, é um negócio que a gente assiste, mas que nem sempre é feito para nos agradar.

A escolha dos autores da trama e da sala de roteiristas nos indica que eles desejam prolongar esse sofrimento, como uma forma de demonstrar a força do amor deles dois. “Olha como sofrem, mas olha como se amam muito.”

Convenhamos, que há outras formas de fazer brilhar a força do amor de um casal, que não envolve separá-los por uma idiotice. Eu não falaria nada. Ficaria em silêncio sorvendo conformada a dor desse casal.

Se Dilan tivesse sido torturada de tal modo que ela tivesse perdido a noção. Se Sabiha tivesse feito ela odiar o Karabey por meio de um jogo de tortura e manipulação. Então, faria sentido e seria bem dramático assistir.

Imagina o macho apaixonado querendo ficar com ela, enquanto ela depois de ser submetida a tortura, já não o reconhece como seu amor e tenta fugir dele à todo custo. Imagina o boletim de ocorrência?

Ia ser ótimo e melhor ainda plausível. Mas minhas senhoras, a Dilan está fazendo tudo consciente de que está machucando o amado. E ela bolou essa forma de se afastar dele sozinha. A senhora Sabiha disse apenas “dê teu jeito, mas fique longe do teu marido. Se separe dele, ou ele morre.”

Houve um momento que eu até ri, foi quando a braço direito de Sabiha questionou a demora da Dilan em fazer o combinado. E as duas temeram que ela tenha contado a verdade para Baran, o que obrigaria a Sabiha a ir pelo plano b. Ou seja, elas estavam contando com a sorte ou a burrice de Dilan. Eu fico pensando no pobre do Baran quando souber.

Eu vou passar pano para o grito que ele vai dar na cara da Dilan por ela ter aprontado uma dessas. Isso se ele não tiver baleado, entre a vida e a morte numa uti, por causa da incapacidade de Dilan em confiar nele.

Porque ao que tudo indica é isso que vai acontecer. A Dilan só vai acordar para a burrice de se deixar levar pelo plano de Sabiha, quando algo acontecer com o marido. A consequência da escolha de Dilan virá e não será algo fácil de lidar.

Eu sei que tem gente com raiva da Dilan, e não tiro de você esse direito, nem estou aqui para defender a nossa farmacêutica. Ela deveria ter contado ao marido no final do quinto episódio da segunda temporada porque seria um gancho incrível.

Quatro episódios de Dilan sendo uma pateta, para no quinto episódio ela não suportar mais toda aquela situação e revelar a verdade. Isso sim é empolgar os telespectadores. Isso é escrever uma história que prende, que faz a gente saltar da cadeira e dizer: UAL!

Mas, terminamos a primeira semana com Dilan falando coisas desnecessárias e dolorosas, por uma razão que mesmo sendo poética, é muito sem noção. Baran se entristece e fica desolado, o que faz a gente ficar ainda mais chateada com a Dilan.

Porque mesmo ela sofrendo, não é tanto quanto ele que passou três meses ansiando por ela, para que depois de encontra-la descubra que ela se afastou porque quis. Que ela nunca o amou e que tudo que viveram antes do casamento foi uma mentira. Um surto coletivo, arquitetado pela mente vingativa de Dilan.

Mesmo que seja absurda essa ideia, ele acreditou e está sofrendo muito por causa disso. E a gente sofre junto com ele, porque o homem está ai sendo a grande vítima de uma mentira. Eu não queria que a Dilan mentisse para o Baran nem mesmo para salvar a vida dele.

Mas, foi este o caminho escolhido pelos roteiristas da novela, fazer o que?

Agora, abrindo um leque de possibilidades mais racionais e positivas. Se olharmos para o perfil de Baran e Dilan e se a história tivesse um toque mais ocidental. Esse plano nunca daria certo, ou se desse, duraria pouco tempo.

Vimos que Baran e Dilan quando se reencontraram pareciam tão ansiosos um pelo outro, havia tanta necessidade de toque físico. Que eles não se pouparam disso. Baran abraçou Dilan várias vezes, e enquanto Baran dormia, ela pôde tocar o esposo e afirmou em seus pensamentos estar desejosa de ficar “nos braços dele”.

Eles são muito apaixonados um pelo outro. Não tem nem margem para dúvida nisso. O que já é por si só, um indicativo de que o plano não funcionaria por muito tempo. Você não consegue esconder uma paixão por muito tempo. E por mais que você ame, você não suporta ver o amado sofrer.

Se o Baran não fosse tão inseguro em suas botas quanto a tudo que ele viveu com a Dilan no passado. Ele não se deixaria abater pelas palavras dela, e não engoliria o “eu não te amo” o “eu nunca gostei de você” tão facilmente.

É como se ainda houvesse dentro dele uma parte que não acredita que eles realmente acharam o amor num lugar sem esperanças, como diria Rihanna. Então, as palavras de Dilan tem um peso exorbitante. O medo entra nas entranhas dele, a dúvida paira sobre a mente do pobre homem e ele se questiona.

Eu realmente mereço esse amor? Será que está certo deixa-lo comigo depois de tudo que eu fiz ela passar? Sendo que tudo já foi perdoado e deixado no esquecimento. O amor apagou a dor, mas as palavras venenosas que saíram dos lábios de Dilan confundem a verdade diante dos olhos de Baran.

Mas, ele não é o cara que lutou para não derramar sangue no meio da sua família? Não foi ele persistente pela paz? Então, obviamente que ele não iria aceitar que a mulher fosse embora. Tudo bem, ele vai acreditar que ela não o ama e talvez, na sua indignação e tristeza faça muita bobagem.

O final do episódio 149 nos adianta que tempos terríveis se aproximam para nosso casal.

Sendo bem sincera, eu queria que o Baran tivesse feito uma coisa que o meu personagem masculino favorito da vida fez, quando a sua amada jurou que não iria voltar para ele. Ele insistiu e foi mais além do que simplesmente, toma-la pelo braço e leva-la com ele para dentro de casa.

Estou falando de João do Diabo, personagem da novela icônica da televisa chamada Coração Selvagem. Quando a Mônica disse que não voltaria para ele, o homem por ser atrevido e ter a confiança de um exército espartano, desfez todas as defesas da esposa.

Ele não aceitou ser rejeitado porque confiava ser recíproco seus sentimentos. Tem uma frase que ele diz “Mesmo que você não sentisse o mesmo, sou tão egoísta que te obrigaria e se fosse de outro, te roubaria”.

O próprio Baran chegou a dizer que se não dessem a mão de Dilan, ele a sequestraria. Porque ninguém poderia apartá-la dele. Eu sei que ela afirmou que não o queria, que estava disposta até ao divórcio, que fez tudo de caso pensado e que queria se vingar.

Eu sei. Qualquer um fica sentido com algo assim, mas também se o pobre do Baran, ao menos pensasse um pouco. Ele ia ver que Dilan jamais faria algo assim. Ela não consegue nem andar quando está nervosa, porque vive se batendo nas coisas. Ela não ia conseguir mentir por tanto tempo.

Oh, Baran! Por que você não pensou mais calmamente?

Eu queria que o Baran usasse todo o potencial que ele tem para mostrar à Dilan não um inferno na terra, mas provar para ela que o que eles viveram não foi uma mentira. Testava a mulher. Será que ela ia conseguir manter a pose?

Não entendo como ele se deu por vencido tão facilmente. Mas se bem, se formos olhar para os episódios que antecederam o casamento, vamos ver que ele foi até as últimas na história do divórcio. Esperando que ela falasse ou fizesse algo. Quando quem deveria ter uma iniciativa e se abrir era ele.

Ele deveria insistir mais um pouco com a Dilan nesse caso. Onur Aksal de As Mil e Uma Noites, por exemplo, outra lenda no panteão de personagens masculinos que eu amo, chegou a dizer a Sherazade uma verdade, que quebrou todos os muros da mulher em relação a ele: “Eu não acredito no amor não correspondido. Todo amor que vem do coração, encontra eco”.

Se o Baran leva a Dilan para o quarto como ele fez no final do episódio 149 e solta uma dessa para ela. A nossa querida farmacêutica ia perder o rumo em três segundos. Porque ela poderia esperar tudo de Baran, menos que ele não fosse acreditar nas palavras dela.

A boca de Dilan fala uma coisa, mas os olhos dela dizem outra. Como Baran não entendeu o jogo? Como? E se ele desconfiasse da atitude dela e procurasse meios de tentar descobrir o que está acontecendo. Ao invés de surtar e se tornar um touro vingativo?

Espero que o velhinho jardineiro apareça para esclarecer as coisas para o nosso Baran. Ele vai bem surgir com algum conselho de milhões sobre a natureza do amor e nosso Baran voltará aos eixos. Eu acho.

E tomara que Dilan desperte para a idiotice que está fazendo. Ela não vai se divorciar de Baran, nem pelas boas e nem pelas más. O plano de Sabiha não ia dar certo e Dilan devia ter se atentado para isso. Era melhor ter contado tudo à Baran.

Sabiha que lute porque Dilan Karabey não vai sair daquela mansão. Mas, a consequência dessa escolha de mentir, vai doer em Dilan. E na gente, que vai ter que suportar essa marmota até quando os roteiristas quiserem.

E você o que está achando desse começo da segunda temporada? Valeu a pena a espera ou não?