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 A Química incomparável de Defom

Defne e Omer são provavelmente o casal de comédia romântica turca que eu mais amei acompanhar. Embora comédia romântica turca não seja muito a meu forte. E Sen Çal Kapimi tenha sido a primeira que eu assisti, Kiralik Ask sorrateiramente roubou toda a minha atenção.

Tanto que eu tive que dar a ela uma resenha de respeito. Talvez ela não tenha tantos textos quanto Sen Çal Kapimi, porque esta eu acompanhei semana pós semana. Já Kiralik Ask eu vi em maratona por pouco mais de um mês.

Eu queria entender em que ponto Defom me fisgou, que eu passei a enxergar Eda e Serkan com outros olhos. O que tinha em um que não tinha no outro e porque Defom me parecia mais legal. Embora ambos tenham me estressado no mesmo nível.

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Saibam que eu sou esquisita e amo casais que me tiram do sério, que são doidos, que se amam, mas também conseguem pegar raiva um do outro. Eu gosto de casal que me dê vontade de desistir deles de tanto ódio que eu passo com eles, porque parece que se eles não gerarem mil sentimentos controversos em mim, não tem graça.

Então, você pode se perguntar, você assiste novela para passar raiva, dona Estante? Sim, porque a graça de ser noveleira é se apegar, amar, se indignar, reclamar e falar mal da vida de gente que nem existe.

 Eda e Serkan, Defne e Omer me deram todas as montanhas russas amorosas que eu precisava. Defom me deu um pouquinho mais. Por isso eles estão temporariamente no meu top um de melhores casais turcos de comédia romântica.

No meu coração eu sinto assim. Tudo bem se você não sentir, mas eu não consigo não ser sincera com o que eu experimentei assistindo essa novela e sendo impactada por esses dois malucos brigões.

Então, este texto reflete sobre essa jornada e como eu amei me tornar fã de Defom.

Para começo de conversa, Defne e Omer tem uma complexidade que vai além das que são geradas pela mentira que os uniu. Embora sejam um casal fictício os conflitos deles respingam na realidade.

Eles são humanos e cheios de falhas, mesmo que se tenha o discurso na história de que Omer é um cara perfeito. Ele, talvez, tenha tantas falhas quanto a Defne que foi duramente criticada pelos personagens por esconder a verdade do Omer.

Antes de falar do casal propriamente e dessa química absurda vamos mergulhar nas características dos personagens. É olhando para eles com uma lupa que vamos entender como Defom conseguiu ser um par incomparável.

Parece até loucura dizer isso, mas não tem outra dupla que conseguiu uma dinâmica tão perfeita como a que foi criada por Elcin e Baris em Kiralik Ask. É desconcertante até, que trabalho lindo eles fizeram. Dá uma sensação boa na gente acompanhar esses personagens, mesmo que muitas vezes a história tenha nos tirado a paz.

Omer quase perfeito

Foi convencionado descrever Omer como um cara que não tem defeitos. Desde o primeiro episódio e várias vezes ao longo da trama as qualidades de Omer são expostas como uma coisa quase endeusada.

A primeira impressão que se tem dele é a de que ele é um homem honesto, sincero, responsável, justo, inteligente, capaz, talentoso e por aí vai. Todos os melhores elogios se encaixam no garboso designer de sapatos da Passionis.

Mas não foram as qualidades tão enaltecidas do rapaz que me encantaram logo no primeiro episódio da novela. E sim, como o designer derreteu feito manteiga diante da ruiva que surgiu em sua cozinha numa manhã qualquer de Istambul.

Omer nos deu a impressão de que nunca tinha visto mulher mais bonita em sua vida. E claro, que se lembrou de que tinha alguns dias antes, tomado os lábios dela nos seus. Embora a situação tenha sido constrangedora o beijo ficou marcado na memória dos dois.

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O primeiro episódio, portanto, nos mostra um homem impressionado e vítima da flecha do cupido, mas o segundo nos confirma o ferimento fatal da flecha do anjinho do amor. Omer perdeu muito rápido a pose de homem cujo coração mulher nenhuma conseguia conquistar.

Diferente de muitos personagens masculinos da dona Turquia, Omer se entregou ao amor. Admitiu sua queda pela ruiva rápido demais, embora a verbalização desse sentimento tenha demorado um pouco.

Já no segundo episódio ele dava sinais de “paixonite aguda”. Os olhos não mentiam e a garganta seca não negava. Então, eu me perguntei como pode um homem, supostamente durão e frio para as coisas do amor, se perder completamente em fração de dias com uma mulher como Defne?

Será que foram as roupas, o cabelo, a beleza irlandesa e diferente da ruiva, ou teria sido a forma como tão calorosamente ela trabalhou para ele? Tem um momento na novela que Neriman afirma que Omer se apaixonou pela Defne que ela criou, mas a verdade é que ele se apaixonou pela Defne da Defne.

Omer enxergou a ruiva como ela não se enxergava ainda, como a mulher atraente, mandona e esquentada que ele precisava ter em sua vida. Omer, por suas características tão perfeitas sempre esteve numa posição de ser desejado. De ser aquele a receber toda a sorte de investidas.

O designer mais badalado, o empresário mais cobiçado, o solteiro que todas queriam pegar. Omer não sabia como era estar do outro lado. Não é que Defne não estivesse ao seu alcance, é que a situação em que ambos estavam criava um muro entre os dois.

Omer era o patrão que devia manter a ética profissional em cima da mesa, Defne era o alvo dos sentimentos de seu melhor amigo Sinan. Mas era quase impossível esconder a sua atração pela ruiva e logo ele se fez entender ao amigo.

Eu amei as cenas em que eles conversavam nas entrelinhas, sem querer ferir um ao outro, em relação a Defne. Omer não conseguia disfarçar seu interesse e fascínio, muito menos seu ciúme da ruiva. Sinan não teve outra escolha a não ser recuar após perceber que os dois estavam apaixonados.

Ainda lá no começo Omer já buscava o cheiro dela quando ela passava, desejava tocá-la, mas se continha. Ficava paralisado observando-a falar e falar sobre uma agenda, que pouco lhe interessava. 

Eu não sei vocês mais a característica que eu mais amo no Omer é como ele ama a Defne. Com ela, Omer se torna fluido, leve, desprendido de si e de protocolos sociais. O educado, elegante e fino designer se aproximou da sua natureza rebelde de anos atrás

Omer e Defne, por exemplo, trocaram amassos no elevador da empresa porque ele ansiava por ela, a desejava a todo instante e algo nisso o deixa atraente em níveis alarmantes. Não é o charme do ator somente, é o quanto ele transparece a sua paixão pela amada.

É bonito de ver como o Omer reage quando está perto da Defne. Ele fica de um jeito que parece confiante do que sente, do que ela sente e se movimenta em prol de tornar real o que seu coração anseia de dia e de noite. Amá-la.

Omer queria a Defne e foi atrás de conquista-la no instante que percebeu seus sentimentos. Sem pensar em nada e nem ninguém, ele focou nela e corajosamente expôs seus sentimentos.

Isso me lembra um dos personagens masculinos que eu mais amo na vida, e chega a ser curioso que ele seja lembrado com frequência nessa novela. Estou falando do Sr. Darcy, personagem do livro de Jane Austen Orgulho e Preconceito.

Gostar desse livro e do filme diz muito mais sobre o Omer do que, por exemplo, as outras características que mencionamos aqui. Me perdoe se eu estiver viajando na maionese, talvez, você não concorde comigo.

Mas eu acho que a novela se inspirou no romance Orgulho e Preconceito para compor seus personagens principais. Não somente nesse livro, mas em todos os que foram mencionados pelo casal.

Dependendo da fase que os personagens estavam vivendo, os livros se encaixavam para complementar a jornada. Que seja com uma citação ou lembrança.

No entanto, eu acho que Omer e Defne são o sr. Darcy e a Elizabeth Bennet turco. Claro, que não há exploração da temática do livro, o lance de orgulho e preconceito não é a cortina principal do palco. Mas, podemos ver muitas características no Omer que lembram o garboso personagem da autora Inglesa.

O fato de ser um solteirão rico e cobiçado. A forma como Omer se apaixona rápido por uma mulher totalmente fora da curva. Além da incapacidade de perdoar a falha dos outros.

Ele é com certeza um descendente do Sr. Darcy porque as pessoas na novela temem a reação dele quando souber a verdade. Há uma certeza entre todos de que ele nunca os perdoará. Isso lembra alguma coisa, não é?

“Não esqueço com facilidade tanto os disparates e vícios dos outros como as ofensas praticadas contra mim. (…) Meu temperamento poderia talvez ser classificado de vingativo. Minha opinião, uma vez perdida, fica perdida para sempre” – Orgulho e Preconceito.

Mentir é um defeito, mas ser perfeito demais também é. Omer andava tanto na linha que qualquer pessoa fora dela perdia todo o apreço dele. Não foi assim, que ele se separou da sua ex-namorada Iz, com quem viveu anos e anos e por quem era apaixonado?

A moça errou e ele não perdoou.

Existe uma conclusão filosófica por trás da resolução da trama da mentira de Kiralik Ask. Defne era inocente, mas também culpada. Era uma vítima, mas também responsável de manter a mentira. Ela podia ter contado a verdade em vários momentos, mas foi covarde.

Só que Omer realmente proveu um espaço confortável para que ela pudesse se abrir com ele? Tudo bem, perguntar a verdade o tempo todo não é suficiente. Porque parece mais uma exigência sob pressão.

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Nenhuma mentira se sustenta em ambiente de extrema confiança, não concordam?. Porque não fará sentido mentir. Não terá espaço para o engano e Omer nunca passou essa confiança para Defne.

Omer abriu as portas do coração para ela, Defne entrou, mas havia regras inquebráveis nesse coração. Se ela não estivesse dentro dos conformes que ele estabeleceu, o perderia.

Afinal, Omer é o cara que não se molda a ninguém, as pessoas se adaptam a ele. Omer é muito inflexível e pessoas assim nos obrigam a andar pisando em ovos.

Como a família e os amigos dele faziam. Defne passou a novela inteira andando em cima do muro com medo de cair e perder a única coisa boa dessa situação: o amor de Omer.

Aos poucos, porém, ele foi mudando. O karma caiu pesado sobre ele e Omer se apaixonou perdidamente por uma pessoa que quebrava todas os preconceitos e orgulhos que ele tinha.

Todas as vezes que Defne fazia algo que ele não suportaria de ninguém, Omer reconsiderava sua postura. Às vezes, ficava bravo e até se afastava, mas não mantinha a indiferença porque a amava demais.

O amor ajudou Omer a compreender as falhas dos outros. Porque é impossível que a raiva permaneça eternamente no coração de quem ama de verdade. E se provou real essa teoria, todas as vezes que Defne errava e ele compassivamente, encontrava motivos para continuar amando-a.

Ele se estressava com a Defne, mas voltava ao seu estado apaixonado mais rápido do que deveria. Corria atrás da ruiva com o orgulho dentro do bolso, com a dignidade no solado do pé. Assim como seu pai inglês, Omer levou foras doloridos, mas ainda ia com o coração na palma da mão para entregar para ela.

Omer era tão apaixonado que sofria por esse amor. Um sofrimento tão gostoso de acompanhar, porque geralmente os machos em novelas turcas são todos durões, fortões e cheios de características machistas que enchem o nosso saco.

O Omer tinha defeitos que foram quebrados e reconstruídos em virtudes. Só tinha uma coisa que permaneceu com ele. O seu ciúme tresloucado pela Defne. Mas todas sabemos que é uma das coisas mais legais sobre ele. O fato é que Defne faz com Omer o que a Alcione cantou em Estranha Loucura:

“Minha estranha loucura é tentar desculpar o que não tem desculpa. É fazer dos teus erros, num motivo qualquer a razão da minha culpa. Minha estranha loucura é correr pros teus braços quando acaba a briga.

Te dar sempre razão e assumir o papel de culpada bandia. Ver você me humilhar e eu num canto qualquer dependente total do seu jeito de ser. Minha estranha loucura é tentar descobrir que o melhor é você.”

Agora, o que há de tão especial nessa mulher que capotou na lona um lobo solitário como Omer?

Defne do Omer

A resposta para a pergunta pode ser resumida desta forma: Ela é muito bonita. Quer seja usando o cabelo natural cacheado meio crespo – que eles tentaram parecer ser o natural – e o que ela usa depois do contato com a tia do Omer.

Eu sou muito visual. Então, eu achava muito “fabricado” o cabelo da Defne e achei muito melhor depois que ela alisou. Porque a sensação que temos é que a Defne do cabelo cacheado/crespo é a feia, desengonçada, destemperada e briguenta garota do bairro. Enquanto, a de cabelos lisos e bem maquiada é a elegante, sedutora e excepcional assistente de Omer.

Então, se passa uma impressão negativa sobre o cabelo crespo e não é assim. Defne ainda era um espetáculo com eles, mas acho que ninguém ainda estava pronto para esse tipo de conversa lá em 2015.

Omer, porém, se impressionou com a mulher dos cabelos esvoaçantes ala Merida de Valente, mas se apaixonou com aquela de cabelos mais “comportados”. As duas versões físicas de Defne definem muito bem o lado psicológico da personagem. E explicam a razão pelo qual Omer ficou tão fascinado.

Defne pode ser um furacão incontrolável em um dia ensolarado. Uma tempestade furiosa num lago bem manso. É uma inconsistência charmosa. Um livro que surpreende a cada página. A pior e a melhor escolha ao mesmo tempo.

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Ela é muito longe de ser comum. Ela é uma obra de arte que você pode passar horas observando em silêncio e ainda não será capaz de decifrá-la por completo.

Omer como um homem artista se viu irremediavelmente atraído por ela. E é bem simples explicar os motivos. Todo mundo que trabalha com arte, que empresta sua mente para o dom especial de criar, tem essa característica consigo.

O artista vê beleza e arte em todas as coisas.

O escritor se inspira no cotidiano banal das pessoas simples. O pintor no olhar obliquo de um transeunte na esquina. O compositor escuta as melodias do subconsciente da alma.

Artistas são seres fascinantes que vivem e sentem com mais intensidade que os demais. Eles não se encantam por qualquer coisa, mesmo que qualquer coisa possa inesperadamente apaixoná-los. É uma coisa bem maluca, eu sei.

Assim como foi bem maluco o fato de Omer rabiscar o rosto de Defne logo nos primeiros episódios da novela. Acho que ele tentou expulsar para o papel aquilo que estava dominando a sua mente.

Neriman pensou ser um oráculo que entende de amor e outras ciências. Mas não foi ela que uniu Defne e Omer, embora o seu jogo tenha os aproximado, o destino fez questão de dar o primeiro passo para a vitória.

Havia dois jogos acontecendo ao mesmo tempo. O do destino e o de Neriman. O primeiro começou antes e usou o segundo para realizar os seus intentos.

A tia do Omer acreditava que havia criado o personagem que conquistaria sobrinho, mas quem sempre esteve no coração do rapaz era a Defne da Defne. A moça que ele beijou forçado e que deu um tapa que doeu até o tímpano dele.

A moça esforçada, trabalhadora, talentosa e multifacetada. Que pode ser uma linda mulher num vestido verde de baile ou uma moça incontrolável que pode quebrar uma pessoa no pau em dois tempos.

Existem duas Defnes ao longo da primeira temporada. A frágil e impotente que não consegue lutar contra os revés da vida. Que sofre calada e pensa em todos, menos em si.

A mulher que se sacrifica para que nada aconteça com ninguém e se sufoca num mar de mentiras. Uma Defne que sofre as consequências de suas escolhas impensadas no calor do momento.

Por exemplo, quando ela abandona o Omer na casa da montanha é, na minha opinião, a pior decisão que ela tomou ao longo da novela. Embora, as coisas tenham se resolvido depois, foi uma atitude absurda que eu não engoli.

Assim como o Omer sofreu com o que ela fez, eu também fiquei doida de raiva. Porque aquele era o momento de contar a verdade, não o de fugir. Mas eu engoli esse sentimento, pensando em tudo que a fez dar passos para trás quando a felicidade cantava sonetos em seus ouvidos.

Então, eu entendi que Defne seguia presa numa rede de influências, que conseguiam fazê-la agir da maneira que eles queriam e não da maneira que ela achava certo. Isso me deu pena dela e me fez pensar que esse certamente seria um ponto a ser evoluído na personagem.

Para ela realmente ser feliz com o homem que ama ela teria que ir contra tudo e todos. Doesse a quem doesse e na segunda temporada Defne veste essa carapuça de coragem. Até lá, no entanto, o caminho foi longo e de muita luta contra os prós e contras de manter Omer alheio a verdade sobre a relação “forjada” de ambos.

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Esse é um dos lados da Defne, mas existe outro. Aquele que eu mais gosto e aquele que me fez perdoar e suportar a versão frágil e influenciável da ruiva. A versão Defne do Omer. O apelido carinhoso surgiu em um dos momentos fofos do casal, mas define muito bem esse lado empolgante da protagonista.

A Defne do Omer é uma mulher que pertence por completo ao amado. Uma mulher amadurecida em suas decisões e vontades. Embora trema diante do amado e afague sem querer querendo o orgulho masculino dele confessando seu embaraço.

Ela também pode exalar uma energia avassaladora que nos deixa de queixo caído e cabelos em pé. Eu vou me explicar melhor, A defne do Omer é a mulher que ele enxergou lá no começo. No beijo forçado e no tapa bem-merecido.

Ela podia ter os lábios mais saborosos, como Omer confessou no último episódio da novela, mas beijá-la tinha um preço doloroso. Porque Defne era como rapadura, docinha, mas não era mole não.

Defne era assistente, mas muitas vezes mandava no Omer, gritava com ele, resmungava com ele. Isso além de ser errado, por conta da posição profissional de ambos, era também inovador.

Porque todos temiam o Omer por conta da personalidade dele. A ruiva, no entanto, parece pouco impressionada com o jeitão taciturno, sério e exigente do patrão. Com desenvoltura ela se aproxima, quebra o gelo e faz o bonitão sorrir.

E sem nenhuma intenção de conquista-lo, embora o seu trabalho seja esse, Defne não segue as orientações de Neriman. Não foi com táticas amorosas que Omer se apaixonou.

Foi sem querer querendo e com a espontaneidade da ruiva, que Omer foi se apaixonando. Defne entrou na vida do Omer com uma procuração do destino que permitia a ela fazer e acontecer na vida dele. Não tinha flores na casa? Ela trouxe um vaso.

Ele ficou doente? Ela fez uma sopa. Omer perdeu a capacidade de criar um desenho de sapato? Sem problemas, ela cria o ambiente que faz ele ser mais criativo.

Defne possui um espírito de liderança, muito embora, ela fale várias vezes que “tudo tem que ser como Omer quer e que ele faz ela fazer o que ele manda”. A ruiva é completamente alienada ao poder que ela possui sobre ele. De fato, ela só percebe esse poder e usa-o com maestria na segunda temporada.

Defne entrou para a minha lista de protagonistas femininas favoritas da Turquia, talvez seja meu top um em comedia romântica turca, só porque ela tem características que me agradam muito em personagens femininas.

Ela é uma mulher de atitude e que se reinventa. Ela se impõe. Não abaixa a cabeça. Tem um temperamento apimentado demais, que raras vezes é visto com bons olhos. Porque muitas mulheres não podem ser explosivas, nem ser exigentes e não podem crescer para cima daqueles que tentam coloca-las para baixo.

Mulher tem que ser quietinha, romântica, calma e compreensiva. Defne não é assim e que bom que não é assim, porque se ela fosse essa novela seria um porre.

Tem uma cena que foi o auge e resume muito bem o que eu estou dizendo. Defne usa a fraqueza de Omer, aquilo que o embaraça e atiça para trazê-lo como um cachorrinho adestrado até a sua sala na Cherrie.

Eu fiquei chocada com a ousadia da Defne, com a confiança que emanava do olhar e da postura dela. Nesse momento eu me fiz uma pergunta, onde esteve essa mulher todo esse tempo?

Se ela usasse metade dessa força para mandar a Neriman para a baixa da égua. Tudo estava resolvido. Foi preciso muita dor, muito tombo para que Defne se revoltasse e saísse do casulo para ser a borboleta arretada que ela era no lado de dentro.

Não tinha nada de errado em ser decidida, em ser teimosa e lutar pelo que ela queria. Só demorou um bom tempo para Defne acreditar mais em seu potencial e explorar por completo todas as suas possibilidades. Mas vamos falar um pouco mais sobre essa evolução da Defne na resenha da 2° temporada.

Defom e seu Amor Covarde

A palavra que me definiu ao longo da primeira temporada de Kiralik Ask foi: chocada.

Parece que passou um filme na minha cabeça sobre todas as novelas turcas que eu acompanhei até aqui. E mentalmente, revi todas a cenas dos casais que eu amava e eu me perguntei se eu já tinha visto algo igual. E não havia mesmo nada parecido com Defom na minha memória.

Todos nós conhecemos ou ouvimos falar da lendária cena de amor dessa novela, mas eu não conhecia o contexto dela. Eu não conhecia os personagens, nem os dramas que eles passaram até aquele momento. Então, você pode imaginar o quanto fiquei impactada.

Apesar de todas as cenas lindas do casal antes dessa, foi apenas nela que eu tive certeza que eles não são um casal comum. É como se eles tivessem sido criados num molde, que até hoje, não tem uma comedia romântica que entregue algo como eles entregaram.

Veja, que eu estou falando de comédia romântica turca. Os dramas são outro patamar, porque eles realmente criam cenas de amor dignas de se assistir. Yargi e Yali Çapkini está ai que não nos deixa mentir. Agora comédia romântica geralmente não faz isso, não sei se é uma mudança mais recente ou não.

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Também não vi todas as comédias românticas da Turquia, nem todas valem minhas horas de vida. Mas se tivessem uma cena de amor incrível, ela seria notória e até quem nunca viu a novela saberia, não concordam? É o que aconteceu com essa cena de Kiralik Ask.

Eu tenho uma teoria de que uma cena de amor para ser sexy não precisa mostrar ninguém pelado. Ela precisa criar imagens com sensações que gerem no telespectador um arrepio na espinha.

Então, é preciso que os atores entreguem os sentimentos com suas interpretações. Assim como numa cena triste que emociona o telespectador, a cena de amor tem que fazer a mesma coisa com a gente.

A direção da cena de Kiralik Ask conseguiu causar esta impressão através do close no rosto da Defne antes de beijar Omer. A face estava contraída num misto de desejo e raiva.

Não dele, mas da situação, da mentira, da impossibilidade de ficarem juntos. Essa raiva mais tarde acaba sendo explorada novamente como um ativador do lado mais selvagem da Defne.

E claro temos a visão do rosto de Omer que passa da incredulidade à paixão. A gente sabe que o Omer é louco pela Defne e esperava ansiosamente pelo momento que ela estaria pronta para ele.

Antes dessa cena, ele já havia insinuado estar desejoso de ser mais íntimo de sua ruiva, mas ela se fez de desentendida e escapou. Só que ele não esperava que fosse naquele contexto tão confuso em que estavam, que os dois provariam de uma noite amor.

Eu amo o momento conjunto em que eles ligam o botão do “dane-se” e saem explorando todos os cantos da casa. As pernas tropeçando na agonia do momento, a ansiedade por viverem o que seus corpos ansiavam.

Porque Defne escapou das outras vezes por um medo bobo compreensível. O Omer era explicito. Só faltava dizer com todas as letras que queria transar. Defne tem ou não tem razão de sentir as pernas tremulas com um homem desse? Ainda mais se ela nunca tivesse tido um namorado tão pra frente como ele.

Enfim, a questão é que finalmente ambos estavam em sintonia com o que queriam um do outro. Eu não sei sinceramente qual dos dois atores eu acho melhor nessa cena, se a Elcin ou o Baris.

Se ela dando o tom sensual da cena com aquele olhar matador ou ele carregando-a por todos os lados até o quarto. Parece que a gente vê faíscas saindo, enquanto as maças caem e os potes de vidro são quebrados.

Uma coisa meio sr. e sra. Smith.

Eu amei porque tinha que ser uma cena assim para um casal que exalou química em todas as áreas possíveis. Eles sabiam brigar como ninguém. Sabiam flertar como poucos casais conseguem.

Gente, não era só o Omer que seduzia e virava a mente da Defne, ela também fazia isso. Os dois estavam em pé de igualdade nesse quesito. Se ele confundia a mente dela com suas pegadas sorrateiras, ela o desvirtuava do caminho com apenas uma caneta na nuca.

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Eles são tão intensos que até o ciúme deles é na mesma proporção. Inclusive algumas das melhores cenas de brigas que eles tiveram foram por ciúmes.

Fogosos e apaixonados Defne e Omer viveram muitas fantasias amorosas ao longo da primeira temporada. Se pegaram no barco, no elevador, na casa dos outros, na casa do Omer e na floresta. Viveram na mesma casa como “companheiros” e fugiram para uma casa na montanha.

Se amaram escondidos e foram “nada” discretos em público. Não usaram filtros em suas interações, sempre com diálogos repletos de mensagens subliminar.

Eles estragaram maças para mim. Hoje eu olho uma maça no supermercado e lembro que se Omer e Defne estivessem com uma na mão era sem vergonhice na certa.

Sedutores sem um pingo de vergonha na cara. Defne e Omer quando juntos nos davam aquela estranha sensação de que estamos segurando não uma vela, mas um castiçal. Todas as interações amorosas deles tinham um cunho sexual.

A expressão “yerim ya!” usando algumas vezes é um dos exemplos disso. Em tradução para o português significa “vou te morder”. Que possui duas conotações uma mais fofa e a outra mais ousada. Só que a frase é mais usada como uma forma de expressar que a pessoa é fofa ou fez algo fofo.

Mas estamos falando de Omer e Defne e essa frase acabou recebendo um teor sexual. Principalmente na fase em que eles se comprometem formalmente e Omer sente que pode investir numa intimidade maior com sua ruiva.

Tanto que ele é explicito em seu convite para fazer amor. Assim como ela também o é em determinados momentos da novela. Não existe firulas entre eles, sabe?

A primeira vez deles aconteceu do nada, não foi planejada como, as vezes, é feito em algumas novelas. Aquela frescura toda de flores, vinho e chocolate. Isso não imita a realidade é romantismo piegas. As coisas não são assim na realidade e eles trouxeram essa veracidade para o relacionamento de Defom.

Enquanto um é calmo e paciente na hora de tratar das coisas do amor. Tendo todo o cuidado de preparar o caminho para satisfazer sua amada. Porque Omer sabe como deixar a Defne pronta para amá-lo, não é? Não precisa nem dizer isso porque as cenas falam por si.  

 A Defne vai na contramão. Ela é a avalanche em pessoa e tem uma coisa que a gente aqui no norte do Brasil chama de “repente”. Ela é imprevisível e geralmente funciona a mil cavalos de força.

Ela quebra copos, ela voa por cima da mesa, ela fica incontrolável quando furiosa. E quando diz respeito ao amor ela é gentil como um coice de cavalo.

As duas cenas de amor de maior destaque da novela são protagonizados por ela. A primeira é que eu já mencionei aqui como sendo a mais legal que eu assisti. E a segunda está na segunda temporada.

Eu acho tão legal ela fazer essas coisas porque ela não é em momento algum passiva. Muito pelo contrário, ela é uma ativa progressiva agressiva incontrolável irresistível e o Omer adora isso.

Dá para perceber na cara sem vergonha dele, que se ele pudesse tirava ela do sério todos os dias para ela se invocar e jogar ele contra a parede e chamar de lagartixa.

Eu nunca vi um homem em novela turca gostar tanto de ser dominado como o Omer. A cara de satisfação dele ao ver a Defne indo para cima, ou puxando-o para perto é uma coisa que faz a gente sorrir de alegria. Encanta.

Tudo isso é muito legal, porém, não é o fator principal que torna eles um casal tão shippável e com tanta química. Defne e Omer passaram a primeira temporada inteira juntos.

Foram quase 52 episódios de uma relação amorosa que não precisou de formalidades para se concretizar. Eles já estavam conectados antes de acontecer o segundo beijo na floresta, antes de rolar a primeira vez e mesmo quando eles brigavam. Os dois permaneciam juntos.

Sinan chega a comentar se não me engano com a Iz, que Defne e Omer tem uma relação indefinida. Realmente eles podiam não estar juntos fisicamente por estarem brigados, mas nenhum dos dois seguia em frente e Deus o livre se aparecesse alguém querendo se meter entre eles.

Ou Defne fazia um escândalo com a talarica ou Omer bancava o poderoso chefão e ameaçava até a quinta geração do dito cujo. Esse é o maior e o grande segredo por trás dessa química de Defom. Eles sempre estão juntos vivendo um jogo de yo-yo amoroso.

Como diz a famosa canção de Jorge e Mateus chamada “Amor Covarde”, que serviu de título para esta parte do texto: Quando a gente fica junto, tem briga, quando a gente se separa, há saudade. Quando marca um encontro, discute. Eu desconheço um amor tão covarde”.

Amores covardes são os melhores para assistirmos e terríveis de vivermos, porque Defne e Omer passaram sufoco, mas a gente que estava assistindo adorou o vai e vem. A diversão de saber que eles nunca se resolvem definitivamente, mas jamais nos deixam sem o prazer de ver uma cena que vale a nossa espera.

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Adorei essa palhaçada toda e por isso eles conseguiram se equiparar a um dos meus casais favoritos de comédia romântica, Eda e Serkan. Era uma questão de tempo para isso acontecer, saibam disso.

Todo mundo que me recomendava Kiralik Ask sempre diziam a mesma coisa, que eu ia amar. E eu no fundo sabia que isso ia acontecer. Amo Edser e a história deles é linda, mas acho que Defom ganhou um espaço definitivo no meu coração.

Não tem como eu não amar uma história que enaltece Jane Austen.

Defom realmente é um par que todo mundo que vê série turca tem que conhecer. Mas ainda tem coisa para falarmos dessa novela e vejo vocês nos artigos da segunda temporada.

Beijos, até mais!

Leia todas as resenhas de Kiralik Ask Aqui:

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