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Yargi – Resenha – Episódio 7 e 8

Olá,

Finalmente me atualizei de todos os episódios de Yargi, o que me permitiu ter uma visão ampla de todo o enredo mostrado até aqui. Por isso eu decidi separar a análise de dois em dois episódios até chegar no 12 – onde eu posso finalmente dizer que posso acompanhar semanalmente ao vivo.

Bom, dito isto e sem muitas firulas vamos ao que aconteceu nesses dois episódios bombásticos de Yargi.

O Casamento

A solução encontrada por Ilgaz para salvar a pele de Ceylin, impedindo-a de perder seus direitos enquanto advogada. Foi casando-se com ela. Fazendo isso, ele não teria que mentir e ela não seria prejudicada. O plano deu muito certo porque mesmo acreditando que o casamento era falso, Pars não pôde fazer nada mais que aceitar a justificativa de Ilgaz.

Agora, eu achei interessante que a gente viu todo o processo de idealização e execução do plano. E foi sem flashback, sem cores apagadas e tal. Foi uma memória que explicou o quanto o pedido de Ilgaz, ou melhor a solução encontrada por ele, mexeu com ambos. Ceylin ficou nervosa, afinal, ela se casaria com esse homem, sem que a família soubesse. Se bem que ela já tinha sido rejeitada, ainda assim não é uma coisa simples.

Mais que marido e mulher, friends.

Os dois fizeram parecer que havia sido uma decisão racional e correta. Os dois sabiam sem dificuldades que seria um relacionamento falso, ou seja, sem intimidades. Mas veja, o pedido ter vindo da boca do Ilgaz diz muita coisa. Ele não iria pedir em casamento se não tivesse profundamente ligado à Ceylin.

Ele já se importava com ela o suficiente para também se atrelar de forma matrimonial a esta mulher. Eu achei tão bonito ver que na véspera do casório, ambos ficaram insones e pensativos. Tenho certeza que Ceylin já havia percebido algo sobre o Ilgaz e desconfiou do pedido. Tanto que ela sempre ri ou brinca sobre provoca-lo.

Ceylin é uma mulher madura, independente e que sabe flertar muito bem. Ela adora, na verdade. Então, Ilgaz seria mais um brinquedinho romântico para ela, não? Ela mesma se caracteriza como uma mulher que não se enraíza em nenhum lugar. Um caso é melhor que um namoro, um caso é melhor que um casamento para pessoas que não sentem que seus sentimentos podem ser fortes e suficientes para ficar.

“Eu me sinto muito estranha. Por um lado, eu sei que vou me casar. Mas por outro lado, sei que é falso. É um pouco engraçado.” Episódio 7

Pular de uma parceria de trabalho para um casamento pode ser algo aterrador para pessoas fujonas. Tanto que Ceylin permaneceu em seu papel até o momento em que Engin foi definitivamente preso por seu crime. Logo após a sentença, ela terminou seu casamento com Ilgaz. Mas isso é assunto para a resenha do episódio nove.

Os dois pensando numa forma de controlar o fogo no rabicho.

O fato é que o casamento foi para encobrir uma falha de proceder da advogada, porém isso não significou de forma alguma que o modos operandi dela mudaria. Muito pelo contrário. Ceylin seguiu sendo imprudente em sua caminhada em busca de justiça. Ela atropelou o carro suspeito para que ele fosse levado à perícia. Nela encontraram sangue da Inci no porta-malas, unindo essa prova à multa que estava dentro do escritório.

A cara da Ceylin pro Engin. Achei tudo!

Ela tinha material suficiente para levar Engin para o banco de suspeitos em potencial, que era o que Ceylin e Ilgaz queria. Eles desejavam trazer as provas para que Pars investigasse o rapaz e encontrasse ainda mais evidências. Além disso, Ceylin poderia finalmente parar de fingir que não sabia que foi o Engin. Ela poderia, como a mesma disse, cuspir na cara dele que sabia o que ele fez.

Aqui entra algo que eu gostaria de dizer, como alguém que já viu o que acontece nos episódios seguintes. Parece que fica mais claro o que houve aqui atrás. Engin deduziu que Ceylin já tinha descoberto a verdade e ao invés de fugir, ou contar ao pai sobre isso. Ele ficou dentro do escritório esperando-a chegar.

Mais lá na frente Engin, logo no fim do episódio oito, vira o jogo em seu favor, acusando o pai do homicídio. Revelando com isso que havia planejado cada passo que iria dar com antecedência. Aquilo não foi coisa de momento. Ele arquitetou aquilo. Então, durante esse período da morte da Inci até o ponto em que sua identidade foi descoberta. Engin tem pensado em como se sair desse embrulho. Como ele mesmo chegou a dizer, no episódio dez ou onze, que ele tinha boa memória e guardava o segredo de todos.

Engin tem fingido uma postura frágil quase idiota para a família, o que permitiu a ele não ser descoberto pelo pai. Tem interpretado muito bem ser, até diante de nós, uma pessoa emocionalmente abalada. Isso até que Ceylin o confrontasse sobre a morte de Inci. O Engin que vemos no episódio oito, nove, dez e onze sempre esteve ali.

“Assim mesmo. Depende de como e de onde olhar as leias e regras. Se você olhar de cima, verá a parte inferior. Se você olhar por baixo verá a parte superior. Mas a altura da parede é sempre a mesma. O principal é onde você está.” Episódio 7

Esse é o verdadeiro Engin. O quase careca, não o de cachinhos. O que muda de expressão em segundos, o que diz que a Inci merecia morrer. Esse que olhou nos olhos da Ceylin e a consolou da morte de uma irmã que ele tinha matado. Engin é um psicopata, filho de outro psicopata.

Eu quase pensei que ele estava arrependido. O bicho não tá, não.

Lembram que nas resenhas anteriores eu falei sobre o estudo a respeito da psicopatia? Yekta é exatamente igual o seu filho, o mesmo filho que ele despreza, que chegou a chamar de monstro. Ele é igual o filho. Ou seja, ambos provavelmente são psicopatas. Um que enveredou para o assassinato e outro não. O que nos leva a pensar que temos dois vilões, não somente um.

Engin é a ponta do iceberg, vocês vão ver. Para corroborar com a minha tese, porque eu sempre digo aqui, se a gente vai matar a cobra temos que mostrar o pau. E o meu foi arrancado do site do INPA (Instituto de Psicologia Aplicada). De acordo com o artigo falando sobre a psicopatia, não é fácil diagnosticar uma pessoa que possui esse transtorno, mas que há padrões de comportamento entre esses indivíduos, como:

  • Manipulação,
  • alta capacidade interpretativa
  • Encantadores
  • Afeição superficial
  • Comportamentos agressivos
  • Psicose
  • Personalidades sombrias

Portanto, talvez o meu apontamento de que Engin e Yekta são psicopatas pode ou não pode estar certo, mas não é verdade que eles tem essas características? Eu já disse aqui também que esse é o tipo de vilão preferido de todos os autores e eu não me excluo disso. Há algo de fascinante na vida de quem é um psicopata, de um ponto de vista literário, ao menos. Eles podem ser vilões muito úteis dentro de um enredo inteligentes.

Batalha de titãs.

A frieza tanto de Yekta como de Engin é aterradora, não acham? E o mais legal é que a frase inicial do episódio 7 diz tudo, não somente sobre o episódio, mas sobre a série em si “Quando as águas sobem, os peixes comem as formigas e, quando a água diminui, as formigas comem os peixes. O fluxo da água decide quem come quem”, disse Platão. Estou curiosa sobre a guerra entre pai e filho.

Voltemos à Ceylin. Ela se sentiu muito traída e teve a chance em mãos de acabar com a vida de Engin, mas não fez isso. Diferente, por exemplo, de seu pai Zafer. Inclusive, eu vou dizer esse homem foi atrás de morrer, gente. Ele foi manipulado pelo Yekta e morreu sem saber a verdade e sem perdoar a filha. Morreu como a música Construção de Chico Buarque: “na contramão atrapalhando o tráfego.” Como Ceylin e Ilgaz serão feliz com a sombra dessa morte entre eles?

Zafer é o maior culpado pela sua própria morte, mas Çinar tem parcela de culpa por não ter prestado socorro também. Ou entendido que a vítima ali era ele e não o pai de Inci. Apesar de compreender os motivos que levaram Çinar a se levantar e ir embora deixando para trás o tal morto e implorando ao pai que o ajudasse. Ele tinha acabado de sair da cadeia, tudo ia contra ele, afinal.

Imagine a angústia: O pai da Inci foi morto por sua mão. Como se livrar de um crime como esse? Até que se investigasse tudo, Ceylin já teria feito Çinar passar uns quantos meses na cadeia. Sim, Ceylin faria isso, até que Ilgaz esse santo homem de Deus, encontrasse a câmera de segurança da praça que mostrou o Pai de Ceylin apontando a arma para o inocente Çinar.

Onde foi parar o Zafer? Quem viu o crime? Quem levou o corpo?

Eles acompanhariam tudo com as câmeras, refariam o trajeto de Zafer, através de testemunhas e etc. Alguém certamente viu o que aconteceu, não é? Desde o crime, até a ida do chefe Metin para acobertar tudo. Alguém é testemunha desse crime, assim como tinha testemunha do crime da Inci.

O que eu quero dizer é simples: Tudo poderia ter sido evitado se tanto Metin como Çinar acreditassem no poder da justiça e da verdade. Se Metin seguisse os procedimentos nada de terrível aconteceria, mas sabemos bem que quando o emocional entra em jogo. As leis perdem um pouco de sua efetividade de controlar as ações de um indivíduo.

Ilgaz, por exemplo, não foge das regras, não é? Mas encontra brechas na lei para valer-se de seus direitos. O casamento foi uma delas. Se ele não se importasse com Ceylin ele não sacrificaria seu futuro por ela. Havia um risco muito grande de não dar certo. Ilgaz tomou esse risco para si e ainda disse que não voltaria atrás.

Mesmo sabendo a verdade, tudo que Pars pôde fazer foi assoviar suas suspeitas para o chefe começar uma investigação. Ele não tinha como provar absolutamente nada, mas só a investigação seria o suficiente para colocar Ilgaz e Ceylin de sobreaviso. Como se ameaçasse dizendo “Eu sei que é uma farsa, viu?”. Deu certo, os dois ficaram atentos ao movimento. Quer dizer, mesmo seguindo regras ainda é perigoso tomar certas decisões.

Metin me decepcionou, assim como Zafer também fez isso. Os dois pais dos protagonistas, aqueles que deveriam em tese proteger seus filhos e dar o exemplo, na verdade foram os que mais provaram ser pessoas desequilibradas. Começando por Zafer, que em busca de fazer justiça abandonou toda a família. Ele deixou-os e foi numa jornada suicida.

Minha gente, ele não iria viajar para outro lugar depois matar Çinar, ao menos, não depois de não ter conseguido mata-lo de primeira no cemitério. Depois que as coisas não saíram como ele planejou, certeza que Zafer já estava assim “Eu mato ele e vou junto”. Não tenho nem dúvidas. Com certeza na hora da perícia e investigação do caso, isso será revelado, mas até lá o pior já aconteceu na vida do casal.

Eu não posso também pesar a mão sobre o Zafer totalmente. Ele é um homem claramente sem muitos conhecimentos. Um homem simples, cheio de complexos e problemas não resolvidos. Além disso, é um homem um tanto quanto arcaico no seu modo de viver. Se a justiça não fez seu trabalho em manter o assassino da filha preso, ele tinha que usar os meios que ele aprendeu: A justiça da honra, não é?

Metin, seu doido, o que tu fizeste macho!?

Fez tudo errado, essa mula quadrada. Foi se encontrar com God antes do tempo. Podia ter ido pescar como falou que faria. Ou então, sei lá, aquietava a bunda em casa e cuidava da esposa que estava abatida. Cuidava da família que ficou destroçada. Não, ele foi lá e quis resolver na faca, ou melhor, no tiro.

Metin é outro leso. Ao invés de proceder como um homem da lei, usou seus conhecimentos de policial para encobrir um crime. Aliás, vocês perceberam que a situação de Cinar e Zafer foi bem detalhada? Quer dizer foram cenas sem cortes, cheias de tomadas especificas, focando em objetos e gestos. Isso quer dizer uma coisa: Mais lá na frente tudo isso será revisado como reconstituição do crime. 

Pode ser que nem tenha sido o Çinar que matou. Pode ser que a bala que matou o Zafer não tenha partido da arma que matou ele. Afinal foram três tiros, mas a gente só viu um. Sem falar que não vimos mais nada depois disso. Os dois ficaram no armazém abandonado por horas, minha gente. O que aconteceu nesse meio tempo? A gente vai descobrir depois.

A perícia em si revelaria qual a causa da morte do Zafer. A perícia reconstituiria tudo, provando o testemunho da vítima Çinar. E muito me espanta a incapacidade de Metin em não pensar que isso aconteceria com a frieza de seus tantos anos na polícia. A única explicação para esse branco no juízo dele é o fator emocional.

O filho pedindo ajuda e admitindo que havia matado acidentalmente Zafer. Assim a promessa que havia feito a si mesmo de proteger Çinar. De ser um bom pai que não abandona o filho. Norteou suas ações e interferiu em toda a sua capacidade de interpretar que os procedimentos poderiam salvar o filho ao invés de condená-lo. Existe algo chamado legitima defesa, não?

Até onde os meus conhecimentos jurídicos chegam a legítima defesa pode, de alguma forma “aliviar” os encargos para o lado de alguém que cometeu algum ato de agressão, ou aqui no caso, de um homicídio, para se proteger de um ataque eminente. Com uma pesquisa básica na web você consegue informações sobre os casos de legitima defesa. Eu extrai do site do “TJDF” o artigo do código penal brasileiro que fala a respeito da legitima defesa, veja o que diz o código:

“Nos termos do art. 25 do Código Penal: ‘Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessário, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem’.

Um advogado letrado em leis, munido de informações da perícia, do testemunho de seu cliente e mais um tal je ne sais quoi. Tirava o bumbum do Çinar da reta em dois tempos. A Ceylin é um tipo de advogada que faz isso, a mulher é a Xeroque Rolmes do fórum. Ela descobre coisas com uma facilidade absurda. Ela é um gênio. Só que Çinar não poderia contar com ela para isso, a não ser que aparecesse um terceiro suspeito que colocasse a versão de que Çinar é o assassino, em xeque.

Enfim, fica aí a minha indignação com o chefe de polícia Metin Kaya, mas agora vamos ao episódio que me deixou com o estomago embrulhado.

O Porta Malas

Eu juro pela luz do abajur que alumia minha mesa de trabalho, que eu fiquei nervosinha de ver que o corpo de Zafer estava dentro da mala do carro de Metin O EPISÓDIO QUASE TODINHO. Sim, porque não tinha como saber que haviam tirado o corpo de lá. Meu coração chega foi para os pés. Menina, do céu! Que nervoso!

MANO QUE CENA FOI ESSA?

Não sei se você sentiu o mesmo, mas eu fiquei agoniada quando eu vi a Ceylin pondo a mão no carro e sentindo que estava quente. E quando eles foram acudir o Çinar? Entraram todos no carro, Ilgaz foi dirigindo, Metin no lado do passageiro se c*gando de medo e a Ceylin apoiando Çinar que estava desmaiado.

O mesmo Çinar que TINHA MATADO O PAI DELA CUJO CORPO ESTAVA NO PORTA MALAS DO CARRO, CARAMBA!

Nossa, que loucura! Eu não sei nem como explicar o que eu senti com palavras. Foi um misto de medo, com expectativa e um arrepio de nojo, sabe? Tem um cadáver ali e ninguém sabia. Como assim? Deu um bug na minha cabeça e esta foi a intenção de quem escreveu. Quando alguma coisa não está oculta diante do leitor/telespectador, mas está escondida dos personagens ela quer gerar uma expectativa.

No caso aqui, a expectativa pelo pior, mas saber que será o fim do casal quando essa verdade vier a tona, não deixa nenhum pouco um sentimento de frustração. O casal em Yargi é uma das colunas do enredo, não a principal delas, entende? Se quebrar uma as outras seguem de pé. E quais são as outras colunas?

Eu vou dizer as que eu já percebi, mas pode ter outras: O enredo é a coluna principal. Ela embarca todos os personagens que estão perfeitamente alinhados, dentro de uma teia de aranha. O enredo é tão forte, mas tão forte, que eu não consigo ver isso se quebrando, entende?

Engin é um vilão muito sorrateiro, a forma como ele tratou a mãe quando ela não ficou mais do lado dele. Me deixou de cara no chão.

A segunda coluna é o Engin, Yekta e cia, mas ela assim como a do casal (a terceira) pode ser quebrada, desestabilizando um pouco a estrutura, mas como eu disse, o enredo é muito forte. Ele se mantém sozinho. Ele não depende do Engin para continuar, nem de Ilgaz e Ceylin como casal para se sustentar, entende?

É lindo ver como está se construindo o amor de Ilgaz e Ceylin em meio a tudo isso, mas vocês perceberam que nada nem remotamente concreto rolou entre os dois até o episódio onze, em que ficou claro o sentimento de ambos. Através das atitudes de Ilgaz perante aquela fuga descarada de seu amor?

A série segue de pé. O enredo tem se sustentado como se fosse um polvo com muitos tentáculos. Quando você acha que não tem mais coelho, eis que da cartola eles tiram mais um e mais um. Daqui a poucos os coelhos vão cruzar entre si, formando uma nova leva de coelhinhos. Daqui a pouco não vai ter onde pôr coelho em Yargi.

Um dos maiores coelhos de Yargi é o avô Kaya. Ele é tipo um mafioso, dono do submundo. Ele tem quase os poderes de um Deus. Ou seja, ele é uma fonte de recursos quase ilimitados. Junto com ele temos a advogada de Engin, mas ela é assunto para a próxima resenha. O avô Kaya é o nosso coelhinho de estudo aqui. Ele sabe tudo. Absolutamente tudo que diz respeito a sua família e ele é do tipo estrategista.

Armou contra o próprio neto, matou o executor do crime e ainda saiu da cadeia e pareceu um completo anjo diante de todos. Quais as intenções dele? Proteger os filhos e netos? Pelo visto, sim. O primeiro da lista dele é o filho Metin, que ele descobriu estar envolvido em algo criminoso.

Ainda nesse episódio oito ele começou sua aproximação e nenhum de nós poderia imaginar o quanto ele se envolveria depois com os problemas familiares. Coelho útil. Será que ele poderá salvar a carreira do filho? Porque Metin recebeu honras militares, mesmo tendo transgredido a lei. Imagina o bug que isso não foi no juízo dele? Imagina, não. Nós vimos como ele ficou abalado.

Em partes eu fico com pena dele, sabe. Muita pena, mas em outras não. Fique registrado essa minha dualidade. É uma situação complicadíssima. Ainda mais agora que o corpo sumiu. No episódio nove, Metin é obrigado pelas circunstâncias a revogar seu pedido de aposentadoria e usar seu distintivo uma vez mais para achar o corpo de Zafer.

O plano do Pars para pegar Yekta e Engin no pulo. Achei genial!

Quem levou o defunto e porquê? É um dos questionamentos que ficaram em aberto no episódio oito de Yargi. Vou deixar as análises do que poderia ter acontecido com o falecido Zafer para a resenha do episódio 9 e 10. Então, voltemos ao caso principal que moveu o enredo de Yargi até aqui, o caso Inci Erguvan.

Vamos lá dar uma de Linha Direta e seguir o rastro desse crime. A gente sabe quem matou e a motivação, o que a gente não sabe é o que passa no juízo do Engin. A não ser que você já tenha visto todos os episódios e esteja lendo essa resenha só de fuxicagem, você sabe que não tem como a gente descobrir as intenções do Engin no episódio oito. Simplesmente, porque ele segue a risca o que o pai dele pediu para fazer.

Até os últimos minutos do episódio oito esse macho seguiu o protocolo direitinho. Não tinha como Yekta desconfiar que o filho iria se voltar contra ele. Na verdade, a gente não sabia também como ele ficaria preso se todas os rastros foram apagados. E ele tinha um lindo e perfeito álibi. O esquema estava bem feito, mas como diz a frase de início do episódio oito:

“Três coisas não podem ser escondidas: O sol, a lua e a verdade” Buda

Havia uma mancha de sangue na frente da casa do Yekta, além disso, eles mudaram os móveis de toda a sala. Fazer isso é um sinal claro para qualquer perito criminal que quem cometeu o crime está tentando ocultá-lo. O crime indetectável não existe. Ainda que não haja arma nem corpo, é possível chegar a autoria.

Por causa de Yargi eu enveredei pela pesquisa sobre a criminalística e sobre o código penal. Assisti uma entrevista com a Perita Criminal Amanda Melo. Ela tem um canal no Youtube que fala sobre o seu trabalho de forma que alcance o público leigo como nós. Na entrevista ao Planeta Podcast, ela falou sobre o mito de dizerem que sem arma e sem corpo não tem como saber quem matou.

Ela citou o caso Eliza Samudio, que não tem corpo e nem arma do crime até hoje, mas que pessoas foram julgadas e condenadas por ele. Por meio de testemunhos, além disso o caso foi para júri popular. De acordo com ela, pessoas comuns da população são chamadas para compor o júri. Algumas sem nenhum conhecimento técnico sobre leis e tal. Então, a história que mais convencer o júri, vence. Isso nas palavras dela, claro.

Portanto, queridas, há vários fatores que levam a determinar a autoria dos crimes. Não são somente evidências, são testemunhos também. No caso aqui na ficção de Yargi, temos tudo, corpo, provas e um assassino, mas então, por que raios Engin não foi preso de imediato? É porque estamos lidando aqui com criminosos inteligentíssimos e que são advogados também.

Alerta de Psicopata ativado com sucesso.

Eles entendem de lei e eles anteciparam tudo que poderia acontecer. Inventaram um álibi, acusaram outra pessoa com as provas do crime e juraram por Deus que não seriam pegos. Só que o Osman, o bode expiatório de Yekta e Engin, tinha um álibi que Yekta subestimou. Ele jurou que a infidelidade de Osman jamais sairia a luz. Só que no momento que Ceylin descobriu sobre ela, sem dó jogou a m*rda no ventilador.

Osman é descartado como assassino e ficamos apenas com uma pessoa como possível criminoso, Engin. Com as informações extraoficiais que Ceylin prestou ao promotor Pars. Ele pediu que Eren investigasse se Yekta havia feito compras de mobília. Se realmente houve uma troca, por que houve? Isso foi o suficiente para que eles fizessem uma busca.

E lá, o próprio Pars que é um homem correto e fiel ao seu trabalho, encontrou mais evidências do crime, totalizando quatro. A 1° foi sangue no bagageiro do carro de Engin, 2° Inci foi à casa de Yekta naquela noite, 3° a mobília foi trocada e 4° mancha de sangue na frente da casa. Essas quatro provas não foram suficientes para mandar o Engin para a cadeia, por quê? Ele acusou o pai de ter matado a Inci diante do juiz.

“Você quer me ver sofrendo. Porque você me odeia. Você tem vergonha. Você armou tudo pra mostrar que eu era um idiota desnecessário. Você fingiu me ajudar, para me ver cair, Yekta Tilmen. Você só quer me ver preso. E assim você, vai se livrar de mim, certo?” Episódio 8

Olha, a genialidade desse cara! Ele pegou toda a história que o pai inventou, se colocou numa posição de vítima manipulada e tirou de suas costas a autoria do crime. Yekta, Ceylin, Ilgaz e o promotor Pars não imaginavam esse desfecho. Agora, você acha que ele não tinha arquitetado tudo isso antes? Obviamente. Ele tinha tudo planejado.

A noite que ele passou no cárcere, foi para realmente pensar e refletir, como disse o Yekta quando inventou que estava fora de Istambul e não podia acudir o filho na cadeia. Engin pensou num jeito de se vingar de todos que se colocam no caminho dele. O primeiro da lista de seu origami de vingança é o próprio pai.

Na resenha do episódio 9 e 10 falaremos mais sobre o Origami da Vingança. Engin é mais sofisticado em suas ações, diferente de Ceylin que pegou o cunhado pelo braço. O tirou da cadeia e o obrigou a contar a verdade. Contar que ele tinha traído sua esposa. Eu achei tão legal essa cena e o mais interessante é que foi revelado junto, que Engin era o assassino.

O que quebrou a cara tanto da irmã como da mãe da Ceylin. As duas descobriram que tinham sido injustas. Se Zafer tivesse ficado e cuidado da sua família, talvez não tivesse morrido antes de descobrir a verdade. Mas talvez tivesse ido preso por tentar matar o genro que corneou a filha. De um jeito ou de outro algo de ruim ia acontecer ao Zafer. Estava destinado a levar o farelo.

Nem tudo, porém, foi só crime e tramoias dos vilões nesse episódio.

Quero terminar a resenha trazendo uma das interações mais bonitas entre Ilgaz e Ceylin. Ela estava em choque porque tinha sentido em suas entranhas o desejo de tirar a vida de Engin, mas que no momento que ia fazer isso parou. Ela não soube definir como se sentia, ela achou que ter o pensamento, desejar isso com todo seu coração era algo ruim.

Ouvi dizer que eles são os maiores da turquia!

Ilgaz, como sempre tem sido, um santo canonizado. Tinha a palavra certa na hora certa para a sua advogada maluquinha. Antes, porém, de dar um up no emocional dela. Ele teve que puxar a orelha da Ceylin, ela ouviu a repreensão quietinha porque sabia que tinha errado. Depois da lição de moral, Ilgaz usando de sábias palavras consolou-a:

“Naquele momento, você poderia ter feito. No momento em que você disse que poderia. Você não fez, você parou. Foi seu coração, sua consciência, sua força de vontade. Foi os valores que acredita. Você escolheu ser boa. Você não pode destruir uma vida. Você não pode destruir. Não fazer isso é ser humano.” Episódio 8

Ilgaz se tornou um amparo tão grande na vida de Ceylin. Eu acho que ela só está suportando essas bombas em cima dela porque esse homem está ao lado. Servindo de apoio, servindo de voz de racionalidade. Fazendo ela comer, lembrando-a de tomar banho – mesmo que ela não tome.

Ceylin é uma mulher de fibra, impulsiva e rebelde. É como o vento, quem pode contê-la? Alcançá-la? Eu acho lindo como ela sempre diz que ele precisa estar com ela, porque ele abre todas as portas. Como eu já disse nas resenhas anteriores. Ele deixa ela voar, mas está sempre de olho para não deixar ela bater em nenhuma arvore.

Ceylin é piloto, Ilgaz é copiloto. O avião é essa trama que parece o tempo todo levar eles à turbulências, que indicam sempre o pior. A queda. Mas até onde estamos vendo, não vai acontecer assim, não é? Eles vão pousar esse avião juntos, vocês vão ver. Como farão isso se a maior das tempestades ainda está por vir?

É o mistério que iremos descobrir ao longo dos episódios.

Beijos, até mais!

Agradecimentos:

Atb

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Ilgaz com ciúme
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